Por Maiara Muraro, Emes de Mulher, Bem Blogado –
A gente acorda e trabalha. Trabalha, trabalha e trabalha. Afinal estudamos pra isso, não é mesmo?
Para ganhar, para ser bem sucedido e quanto mais trabalha “mais orgulho você dá”.
A gente acorda, trabalha e malha. O corpo fica lindo, estética perfeita. Dinheiro para produtos naturais e uma alimentação balanceada.
O apartamento dos sonhos, a roupa extra todo mês, o restaurante gostoso e os bares novos.
O looping do consumo sendo devidamente alimentado.
A gente acorda e trabalha. Viaja nas férias, explora o mundo e se enche de riqueza cultural.
No meio de gente branca, de perfume que o cheiro fica no ar até a hora de dormir. Desfilando pelos meios de maiores contatos, restaurantes gostosos e se afirmando na certeza de que se a gente trabalha, a gente ganha.
Sabe, o nosso privilégio branco e burguês é tão tão hipócrita que faz cogitarmos pensar que o mundo se reduz a isso. Mas até certo pronto se reduz, não é mesmo?
Entre trabalho, recompensa, viagem, corpo e dieta existe choro, ansiedade , angústia e raiz.
Existe pobreza do outro lado, existe fome, grito de socorro.
Não sei ao bem porque escrevi. Mas sei que escrevo para retratar. E para refletir (eu mesma refletir).
Afinal já que o nosso privilégio nos torna distantes, que a nossa reflexão nos torne humanos!