Alguns minutos diante da televisão assistindo ao horário de propaganda eleitoral bastam para entender o calvário vivido pelo estado do Rio de Janeiro.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Dói constatar que no desfile de figuras grotescas e sem compromisso democrático estão alguns dos campeões de voto das últimas eleições.
A maioria segue uma fórmula conhecida, testada e aprovada eleitoralmente: levantar o nome de Deus em vão e prometer segurança para o povo, na base do tiro, porrada e bomba.
Muitos são delegados, oficiais do polícia militar ou das forças armadas e pastores evangélicos fundamentalistas ligados à “teologia da prosperidade.” Não faltam também milicianos nessa tropa.
Essa onda das trevas tem alçado à ribalta da política carioca e fluminense gente de baixíssima extração, como Gabriel Monteiro, Flordelis e Pastor Everaldo. Chama atenção a quantidade de trogloditas e fascistas assumidos que compõem a bancada da extrema-direita na Assembleia Legislativa do estado e na Câmara dos Deputados.
Mas, é sempre importante lembrar do dito popular “jabuti não sobe em árvore.” Alguém o colocou lá. Todos esses fenômenos de reacionarismo e atraso civilizatório contam com o respaldo do voto popular. Também a tragédia para o estado causada pela eleição dos últimos governadores dispensa comentários.
De caixa de ressonância política do Brasil, que ecoava teses democráticas e libertárias para o resto do país, o Rio se transformou em coração do bolsonarismo e terreno fértil para a proliferação da escória da política.
Sair desse atoleiro depende da valorização do voto. Na propaganda dos partidos do campo progressista ainda são tímidos os apelos para o voto consciente, pautado em escolhas que levem em conta o compromisso real dos candidatos com a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
O Rio da música, das ricas e multifacetadas manifestações de cultura popular, da pesquisa científica, das universidades de ponta não merece boa parte da classe política que tem.
Só o voto pode reverter o estrago.
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Bandidagem em ação
Nunca foi fácil enfrentar a bandidagem fascista ao longo da história. O caso da eleição presidencial brasileira é só mais um capítulo. E o bolsonarismo é a versão nativa dessa ideologia totalitária e violenta que tal tanto mal já causou à humanidade. Por isso, não causa surpresa a reportagem do jornalista Rodrigo Rangel, do site Metrópoles, dando conta de que a campanha de Bolsonaro está preparando baixarias, possivelmente envolvendo a família de Lula, para serem usadas na campanha. A tal “bala de prata”. Não passarão.
Por falar em meliantes…
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) negou ontem, por 6 x 1, o pedido de registro da candidatura de Gabriel Monteiro, vereador bolsonarista que teve seu mandato cassado recentemente pela Câmara dos Vereadores do Rio. Acusado de vários crimes, ele terá que devolver o dinheiro do Fundo Eleitoral e não poderá participar do programa eleitoral do rádio e da televisão. Grande notícia.
Não escapa ninguém
O clã Bolsonaro adquire imóveis como as famílias trabalhadoras do Brasil compram comida para seus filhos. Agora é a ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, que foi pega na mentira sobre a mansão que mora em Brasília. Antes, ela dizia que era alugada, mas a verdade veio à tona: segundo a Polícia Federal, ela comprou o imóvel em uma operação nebulosa, tida como atípica por um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). Barra pesada.
Contradição
Baita contradição: a imprensa comercial em geral tem uma visão crítica da interferência de Bolsonaro e dos militares no sistema de votação do país, mas noticia com maior naturalidade reuniões do TSE com as Forças Armadas, como a que aconteceu nesta quarta-feira (31) entre o presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, e o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. Em vez de patrulhar fronteiras, zelando pela segurança do Brasil, os militares insistem em meter o bedelho no que não é da sua conta e nada tem a ver com sua função republicana. Tudo com a conivência da justiça eleitoral.