Jacarezinho fala sobre conduta policial e ocupação na região

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Na tarde desta quinta-feira (10) uma comissão formada pelo desembargador Siro Darlan, o ativista e líder comunitário Rumba Gabriel, por moradores da comunidade do Jacarezinho, por lideranças locais, representantes de entidades de direitos humanos, de mandatos progressistas se reuniu na quadra da escola de samba Unidos do Jacarezinho para apurar possíveis excessos praticados por agentes policiais durante a ocupação do projeto “Cidade Integrada”, lançado por Cláudio Castro.

Por Daniel Mazola, compartilhado de Tribuna da Imprensa Livre




O que mais se ouviu foram relatos de abusos cometidos por policiais.

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos do Jacarezinho foi o local do encontro da comissão

O Jacarezinho foi a primeira favela a receber o projeto de ocupação do governo do estado “Cidade Integrada”, segundo o governador o objetivo é fazer ocupação social de comunidades, numa espécie de reformulação do programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), criado em 2008.

O que mais se ouviu durante as intervenções dos membros da comissão foram relatos da ausência de serviços públicos na comunidade, de abusos cometidos por policiais, que teriam invadido as casas de famílias para cometer crimes e da expressão cruel da miséria em que vive a maior parte da população dessa grande favela carioca. “Integração só acontece com educação, saúde, emprego, cultura e arte. É preciso ter muito cuidado quando atuamos em comunidades porque policiais estão monitorando os defensores de direitos humanos, é necessário atuar sem que cometam violações contra moradores”, alertou uma ativista.

O líder comunitário Rumba Gabriel relatou casos de abusos cometidos pela PM para a tenente-coronel Azevedo, coordenadora das UPPs 

O líder comunitário e jornalista Rumba Gabriel relatou na presença da tenente-coronel Pricilla de Oliveira Azevedo (primeira mulher à frente de uma Unidade de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro e ex-secretária de Assistência à Vítima), que no dia 8 de fevereiro, recebeu uma escarrada na cara por um sargento da policia militar. Rumba disse que perguntou a razão dessa atitude e o policial respondeu: “Foda-se”. Rumba disse que não vai denunciar o agente publico para não prejudica-lo, mas isso é grave, é crime de injuria racial. “Não tenho raiva da cusparada”, revelou.

Desembargador Siro Darlan disse saber da angústia dos moradores que vivem ameaçados por invasões as suas casas. “Polícia é essencial e precisa respeitar a lei. Policiais não estão acima da lei. Ninguém pode invadir uma casa sem mandato judicial. Ninguém pode ser preso sem flagrante delito ou mandato judicial. Proponho aos representantes de mandatos parlamentares que façam uma audiência pública aqui na próxima quinta-feira (17) e convidem o Ministério Público”.

Caminhada da comissão pelos becos, ruas e vielas do Jacarezinho

Após a reunião, diversos integrantes da comissão percorreram a comunidade e ouviram pessoas que atuam diariamente dentro do Jacarezinho: moradores, agentes de saúde, trabalhadores, comerciantes e ouviram muitas denuncias de violência policial contra a população, invasão de residência, abuso sexual, racismo etc. Em meio ao cerco policial que acontece no Jacarezinho com a plataforma eleitoreira de Cláudio Castro na execução do “Cidade Integrada”, jovens negros continuam sendo presos injustamente.

Rumba Gabriel e o desembargador Siro Darlan conversam com os motoboys da comunidade

Durante a caminhada pelos becos, membros da comissão encontraram o jovem Yago Corrêa, de 21 anos, que recebeu liberdade provisória após ter sido preso quando foi na padaria comprar pão de alho para fazer um churrasco com seus amigos. A polícia, sem provas, deduziu que ele estava junto a outro adolescente suspeito de tráfico de drogas.

Siro Darlan, o jovem Yago Corrêa e sua irmã

Logo após o fim da atividade, nossa reportagem recebeu relatos de moradores que agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) mataram, no fim da tarde, um homem apontado como sendo membro do tráfico na comunidade, João Carlos Sordeiro Lourenço, de 23 anos. No início da noite, moradores fizeram um protesto que interditou a Avenida Dom Hélder Câmara, também conhecida como Suburbana, na altura da comunidade.

A foto mostra as paredes das casas cheias de buracos de bala

Ficou decidido que na próxima quinta-feira, dia 17, haverá nova reunião (ou audiência pública) e caminhada da comissão com jornalistas e diretores da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

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