Por Carlos Eduardo Alves, Facebook –
O DataFolha não divulgou ainda as tabelas com detalhamento (regiões, idade, renda etc) da pesquisa, o que permitiria uma análise melhor. Mas mesmo assim, alguns dados são claros
1 – Aumenta com o tempo a percepção de que não deixarão Lula ser candidato. Isso explica a linha descendente do voto espontâneo no ex-presidente e a manutenção folgada de sua liderança quando seu nome consta na simulação. Uma espécie de vão tirá-lo, eu sei, mas meu coração é de Lula.
2 – É um fenômeno único na História do Brasil a resiliência eleitoral de Lula. Preso, esmagado há anos na grande mídia, permanece líder, com folga, em todos os cenários de primeiro e segundo turnos.
3 – A grande dúvida agora é se haverá tempo para Lula transferir seus votos para um candidato do PT. Se isso for feito de maneira eficiente, o indicado por Lula, dado seu potencial entre os seguidores, torna-se o favorito, no campo popular, a ir para o segundo turno. O voto lulista que hoje está com Marina, principalmente, troca de caminho com a intervenção do ex-presidente. Se a escolha se der aos 45 minutos do primeiro turno, porém, a tarefa fica muito difícil.
4 – Ao contrário de outras pesquisas, o DataFolha indica uma estabilidade de Bolsonaro na casa dos 20%. É sem dúvida um cacife respeitável, mas que insinua ter teto. A conferir.
5- Marina tem recall das últimas campanhas, mas nenhuma
estrutura partidária, Pode se viabilizar, no entanto, se a direita convencional adotá-la como último recurso.
6 – Ciro empaca, mas pode crescer à direita, com aliança com partidos conservadores, e à esquerda, se o PT não conseguir segurar o eleitorado lulista e o pedetista receber o pouco mas simbólico voto do PC do B.
7- Alckmin vive momento dramático e tudo indica que que será cristianizado pela direita convencional. Não se deve, no entanto, descartá-lo completamente. Se nada prosperar no campo conservador, terá tempo de TV e dinheiro para a campanha.
8 – Temer é o beijo da morte para qualquer candidatura e os tucanos, Bolsonaro e principalmente a patética postulação de Meirelles pagarão preço alto pelo apoio ao golpismo. Ciro e PT podem surfar no ódio da população à quadrilha de Temer.
9 — Como foi reforçado pelo caso dos caminhoneiros, um acontecimento imprevisto qualquer pode mudar tudo. Desde a redemocratização, nunca a falta de certezas é tão recomendável.
10 – Como em todas as últimas eleições presidenciais, o nome chave e a chave dos votos está com Lula. Mesmo encarcerado em Curitiba, é para ele que está reservado o papel central de outubro. Para vergonha dos analistas de grande mídia que profetizaram seu fim com a chanchada jurídica perpetrada para matá-lo politicamente.