Jacozinho
Jacozinho era um muquirana patológico. Tomava pouco banho para não gastar a pele. Fodia pouco para não gastar o pinto. Na quarentena, após um flerte virtual, apaixonou-se por ela e depois de vacinados, convidou-a para jantar.
Ela fez doce. Depois de muita insistência, aceitou. Ele levou-a ao Habib’s, dividiu a sobremesa e a conta, e depois foram para a casa dela – motéis são tão caros – em um carro de aplicativo, também compartilhado.
Ofereceu-se para tomar café. Ela, carente, transou com ele, que pediu camisinha. Tinha algumas no bolso, mas achou melhor usar as dela. No sexo, mais queria do que ofertava. O prazer veio mais do empenho próprio do que da colaboração dele.
No dia seguinte, ele mandou uma mensagem fofa. Ela, estarrecida com tanta “muquiranisse”, decidiu bloqueá-lo. Mais tarde, ele bateu à porta da casa dela, acusando -a de roubo.
– Está maluco, Jacozinho? Roubei o quê?
– Meu coração.
– Vai se foder, Jacozinho. Se é assim, você roubou minha paciência.
– O que vale mais: coração ou paciência?
Jacozinho não pode ficar no prejuízo.
Nunca!