Colunista Janio de Freitas, da Folha de S. Paulo, condena a manchete do último domingo do jornal, que transformou uma minoria (43%) em maioria dos brasileiros que responsabilizam a presidente Dilma Rousseff pelos escândalos da Petrobras; “As duas interpretações levam a respostas com profunda diferença, estando, porém, embaralhadas tanto nos 43% subscritos em ‘muita responsabilidade’ de Dilma, como nos 25% de ‘um pouco’ de responsabilidade. Índices que, somados de maneira discutível, fizeram a notícia de que 68% responsabilizam Dilma por corrupção”, afirma; a única certeza da pesquisa, diz ele, é que o governo Dilma é, para os brasileiros, o que mais combate a corrupção
Na coluna Os outros números, ele afirma que a dubiedade da pergunta sobre a responsabilidade de Dilma na Petrobras leva a interpretações diferentes. Assim como Guimarães, Janio questiona a soma dos que atribuem “muita responsabilidade” (43%) aos que atribuem pouca responsabilidade (25%) para somar uma maioria esmagadora dos que culpam Dilma pela crise. “As duas interpretações levam a respostas com profunda diferença, estando, porém, embaralhadas tanto nos 43% subscritos em “muita responsabilidade” de Dilma, como nos 25% de “um pouco” de responsabilidade. Índices que, somados de maneira discutível, fizeram a notícia de que 68% responsabilizam Dilma por corrupção”, diz ele.
Ele também questiona o uso da expressão ‘sobre’ na pergunta. “A dubiedade da pergunta tornou possível uma quantidade indefinida dos que a interpretaram com um sentido e dos que lhe deram outro. ‘Responsabilidade SOBRE o caso’ pode ser a de quem, detentor de uma posição hierárquica chefe de família, dirigente de empresa, governante – deve as providências para o melhor e correto andamento do que está sob sua responsabilidade. É admissível, para não dizer certo, que muitos terão recebido a pergunta nesse sentido”, afirma.
A única verdade que a pesquisa aponta, diz Janio, é outra: “46% consideram que o governo Dilma é o que mais investigou a corrupção”. Os tucanos, com FHC, aparecem mal, com apenas 4% das menções. “O segundo, longe, é o de Lula, com 16%.”
“O investimento agressivo que a oposição faz para responsabilizar Dilma Rousseff pela corrupção na Petrobras, como também por assuntos menos gritantes, reproduz (com menos brilho, é verdade) mais de um período caracterizado pela mesma linha de oposicionismo. O resultado a que chega também reproduz o de seus inspiradores”, conclui o articulista.