Por Gustavo Conde, Facebook –
O gesto de Jean Wyllys em deixar o Brasil não é similar ao gesto pequeno-burguês e covarde da classe média que corre para Portugal ou Miami tentando se esconder da própria falta de caráter.
É o oposto.
Jean sai do Brasil para respeitar o Brasil. Para lutar pelo Brasil. É o nosso primeiro exilado, o primeiro a ter a coragem de deixar o território tomado por um regime de exceção, violento, vingativo e pistoleiro.
Esse pessoal “classe média” que sai do Brasil com vergonha do Boslonarismo nunca nem sonhou em se expor e defender a democracia brasileira como Jean Wyllys fez ao longo de seus 2 mandatos como deputado.
Não tem um macho heterossexual no Brasil com um décimo da coragem de Jean Wyllys.
E é quase um milagre que ele ainda esteja vivo, haja vista a violência das milícias espalhadas pelo Rio e as execuções de pessoas associadas a direitos humanos que se multiplicam nessa ditadura tosca, vagabunda e violenta que é o Brasil de Bolsonaro.
Vergonha mundial, vexame mundial.
Hoje, é um dia muito triste para o Brasil e para os sonhos de democracia que aqui restaram.
Jean talvez nem saiba, mas com esse gesto, ele vai provocar um debate profundo no Brasil, que pode tomar proporções gigantescas.
O mundo verá, através de Jean, a aberração em que este país se transformou.
Não é à toa que a decisão dele tenha sido anunciada junto com as suspeitas de que a família Bolsonaro está intimamente ligada com as milícias mais violentas do Rio de Janeiro.
Aliás, nem tem mais muito o que dizer com relação a isso. Gente que homenageia assassino preso? Gente que emprega a mãe de miliciano, suspeito de matar Marielle? Gente que celebra a morte de Marielle? Gente que vandaliza placa de rua com o nome de Marielle?
Como se acostumou dizer por aí, Marielle vive e pode derrotar Bolsonaros e agregados do crime apenas com sua dimensão política e simbólica.
Enquanto isso, Jean Wyllys faz muito bem em decidir continuar vivo.
Nós vamos precisar dele quando esse pesadelo acabar.