Por Fábio de Oliveira Ribeiro, publicado no Jornal GGN –
A Rede Globo conseguiu derrubar Dilma Rousseff, mas o clã Marinho não logrou o que mais desejava. A empresa deles não vai ficar imune ao escândalo da corrupção internacional que eles mesmos patrocinaram.
Mesmo que use seus recursos para iludir o respeitável público divulgando apenas a sua versão distorcida dos fatos, a Rede Globo inevitavelmente irá se transformar numa controvérsia nacional durante as próximas eleições. Quem apoiar ou se apoiar na TV do clã Marinho será automaticamente associado à corrupção da FIFA e isto certamente aumentará o poder de foto dos adversários da onda neoliberal imposta ao país pelo golpe político/jurídico/midiático de 2016.
Outra consequencia da visibilidade da corrupção da Rede Globo será o interesse maior despertado pela obra de Jesse Souza. No livro A Elite do Atraso o estudioso foi profético:
“Como a condução do processo golpista é, em grande parte, externa, existe, inclusive, a bem fundada suspeita de alguns de nossos melhores jornalistas investigativos de que a Globo já esteja em mãos do serviço de espionagem americano que tudo sabe, posto que espiona, controla e tem acesso a toda a informação trocada de modo digital no planeta. Tendo a Globo sido a emissora eleita parceira da CBF e da FIFA durante décadas, resta ao cidadão, ainda não feito de completo imbecil, imaginar o que a CIA e a NSA têm na manga potencialmente contra a Globo, depois da devassa que realizaram nos negócios escusos da entidade maior do futebol mundial.” (A Elite do Atraso, editora Casa da Palavra, Rio de Janeiro, 2017, p. 227)
Jesse Souza também estudou de que maneira a Rede Globo adquiriu e exercitou um poder político quase ilimitado que desestabilizou a democracia brasileira:
“A história da sociedade brasileira contemporânea não pode ser compreendida sem que analisemos a função da mídia e da imprensa conservadora. É a grande mídia que irá assumir a função dos antigos exércitos de cangaceiros, que é assegurar e aprofundar a dominação da elite dos proprietários sobre o restante da população.” (A Elite do Atraso, editora Casa da Palavra, Rio de Janeiro, 2017, p. 214)
“A colonização da esfera pública assume não apenas a forma de rebaixamento de todos os conteúdos para ampliar o público consumidor, ela assume a forma da confusão cevada e proposital do interesse privado sempre apresentado como público. Coloniza-se aí não apenas o consumidor do produto cultural, mas também coloniza-se nesse engodo e fraude deliberada o cidadão induzido em uma crença contra a qual se encontra literalmente sem defesa. É a partir desta confusão deliberada, construída com maestria técnica e cuja expressão é corporificada por figuras bonitas, talentosas e charmosas, que a Globo assume um papel central e muito mais importante que todos os outros veículos e mídias de comunicação somados.” (A Elite do Atraso, editora Casa da Palavra, Rio de Janeiro, 2017, p. 218)
“A soberania virtual coloniza o potencial legitimador da soberania popular ao dar a impressão que a corrige em ato, com o povo nas ruas sob a máscara de uma democracia direta comandada pela Rede Globo, corrigindo-se o que se fez nas urnas, supostamente sem saber o que se estava fazendo. Sem isso, não se entende de onde a Globo e a grande imprensa a serviço da elite do saque retiraram legitimidade para realizar a lambança que fizeram no país, fazendo de contra que estavam interessadas no combate à corrupção.” (A Elite do Atraso, editora Casa da Palavra, Rio de Janeiro, 2017, p. 221)
É óbvio que ao se esforçar para derrubar Dilma Rousseff o clã Marinho não estava interessado em combater a corrupção. O que os donos da Rede Globo queriam é se proteger contra a corrupção muito maior que eles mesmos praticaram ao longo das últimas décadas para garantir os direitos de retransmissão dos jogos da Copa do Mundo.
Ao escrever seu livro Jessé Souza sugeriu que a própria Rede Globo pode ter sido chantageada. Os fatos revelados recentemente indicam que esta possibilidade não pode ser descartada. As acusações sacadas contra o clã Marinho não comprometem apenas a empresa deles. De fato, todos aqueles que se aliaram à Rede Globo para dar um golpe de estado se tornaram co-autores em potencial do mesmo crime que a empresa queria acobertar: MPF, Justiça Federal, Senado, Câmara dos Deputados e STF foram transformados em ramos públicos brasileiros de uma vasta organização criminosa internacional.
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