Me chamo Joel Birman, moro no Rio de Janeiro onde exerço a profissão de psicanalista e professor universitário.

Sou judeu de origem romena, filho de primeira geração, meus pais emigraram antes da guerra de forma que, como vocês, eu trago no corpo e na minha pele as marcas do que foi a experiência do holocausto e do Schoah.

E se eu vos falo disso, nesse momento, é porque estamos em um impasse dramático na sociedade brasileira atual onde a candidatura do senhor Jair Bolsonaro ameaça a ordem democrática no Brasil e uma regressão civilizatória onde nós corremos o risco de ir em direção a barbárie.

A barbárie representada pelo fim da diversidade social, étnica e cultura, que se marca na questão do gênero onde as mulheres são acossadas, onde os gays são acossados onde os transsexuais são acossados, onde os negros são acossados em comunidade precarizadas mas também onde os judeus estão sobre ameaça frontal diante da ascensão dessa nova ordem e desse novo discurso neonazista.

E se eu digo isso pra vocês é porque na medida em que igrejas são marcadas com suásticas, onde reuniões são interrompidas por grupos neonazistas, isso coloca em um primeiro plano em que nós como judeus, como comunidade, estamos ameaçados pela possibilidade de um governo do senhor Jair Bolsonaro.

Quero sustentar aqui a importância da candidatura do senhor Fernando Haddad, na medida que ele é um homem sério, com trajetória administrativa assegurada – seja como prefeito de São Paulo, seja como ministro da Educação durante oito anos – um homem digno e representante das forças democráticas no momento, como poderia ser qualquer outro que estivesse ido para o segundo turno, como o senhor Ciro Gomes e qualquer um dos outros candidatos que representavam a pauta da democracia.

Então, é como judeu, em nome da nossa segurança, em nome do futuro dos nossos filhos e netos, que eu me pronuncio nesse momento para que nós possamos barrar essa ascensão fulminante e destrutiva que pode representar a candidatura e a possível presidência do senhor Jair Bolsonaro, caso nós não façamos obstáculo a essa ordem violenta que ele representa.

E mais uma notícia importante em relação a isso, que interessa a nós da comunidade judaica, é que o senhor Jair Bolsonaro já se pronunciou publicamente, vocês podem ler isso em fontes seguras, não é uma fake news, que ele se sente orgulhoso de ter como bisavô um antigo soldado do exército nazista.

É por isso que como judeu e não apenas como brasileiros que nós nos sentimos ameaçados pela ascensão do senhor Jair Bolsonaro e nós como democratas e judeus temos que fazer obstáculo a esse tipo de regressão social e civilizatória.