Até agora, a mídia e a oposição vem pautando as discussões pelo país. Eles colocam o debate sobre casos de polícia em destaque para abafar as questões políticas.

Mas vamos falar sério. Se a Globo quisesse mesmo acabar com as roubalheiras, pagava os milhões que deve ao fisco. Se a oposição se empenhasse em desvendar alguma sujeira, teria permitido que a Polícia Federal investigasse, quando era governo.

Não é nada disso. A questão central não é essa. Nenhum deles está nem um pouquinho preocupado com falcatruas.

Onde tem qualquer grupamento humano, tem corrupção e, para eles, isso é normal. Tem corrupção na Globo, tem corrupção em toda a mídia familiar, tem corrupção no PSDB, tem corrupção no PT, tem corrupção em todos os partidos e em todas as empresas. No Brasil e no mundo.

Lógico que os malfeitos tem que ser combatidos, não é contra isso que estamos falando aqui.

Mas, repito, isso é caso de polícia. Não é caso de política. Não dá para confundir uma coisa com a outra ou jogar com as duas ao bel prazer da simpatia de cada um.

A cruzada dos meios de comunicação e da oposição tem como objetivo encobrir o verdadeiro debate, que eles não querem que aconteça de jeito nenhum: o debate político.

Estamos, há 12 anos numa encruzilhada real: de um lado, uma política popular e do outro uma política elitista. De um lado o foco no social, do outro o foco no mercado financeiro. De um lado o desenvolvimentismo, com o crescimento do emprego, dos salários e do mercado consumidor. Do outro, o neoliberalismo, com o crescimento do rentismo. De um lado, o investimento produtivo e do outro o investimento em aplicações. De um lado o bem estar social, do outro o bem estar das grandes fortunas. De um lado a distribuição de renda, do outro a concentração de renda. De um lado o nacionalismo e do outro o capital internacional.

É isso é que está em jogo.
A cortina de fumaça construída pela imprensa impede a visão clara do que é a política, forma raciocínios rasteiros e incentiva a simples repetição do mesmo bordão: “corrupção, corrupção”, como um mantra exclamado por uma horda de zumbis.

Está mais do que na hora dos “mortos-vivos políticos” acordarem. De olharem para toda a volta e não só para a mesma direção. E pensarem profundamente em quais desses Brasis querem construir. Isso é muito mais importante do que ruminar quais os políticos que querem encanar.

Que a escolha penda para um Brasil ou para outro Brasil, mas que a decisão leve em conta as diversas razões importantes, além do código penal.

Espero que o meu alerta seja bem entendido por meus amigos e pelos leitores que ainda não conheço. Que sirva como ponto de partida para uma reflexão sincera e um entendimento verdadeiro, para o crescimento de todos e por todos.

Quanto aos casos de polícia, bem, estes são responsabilidade da PF, do MP e da justiça. Como ladrões comuns, quem tiver culpa que pague.