Duas jornalistas têm estômago para assistir ao Jornal Nacional e nos contar do maniqueísmo diário da Globo. É muito bom saber que existem profissionais como Angela Carrato e Eliara Santana, que têm discernimento para nos mostrar o que fazem jornalistas por trás de seus computadores, que manipulam a notícia, a embalam e “vendem” como jornalismo para aqueles que se postam na frente das telas.

Leiam sobre o Jornal Nacional de 30 de janeiro (Washington Araújo).

Angela Carrato

“O presidente do Brasil é Donald Trump e a capital do país é  Washington. Certo? Para o Jornal Nacional, na edição desta quinta-feira (30), a resposta é  sim.

Tanto que dedicou todo o seu primeiro bloco, 14 minutos,  à colisão entre um helicóptero militar e um avião de passageiros na capital dos Estados Unidos, na noite anterior.

A reportagem foi minuciosa e deu enorme destaque à  fala, mesmo que idiota,  de Trump, ao responsabilizar, sem provas, os governos democratas anteriores e a política de diversidade deles.

Pela riqueza de detalhes, parecia que o desastre tinha acontecido em Brasília e que as consequências atingiam em cheio a  nossa população.

Claro que quando há um elevado número de mortos, se explica a consternação, mas o JN exagerou.

A título de comparação, as duas reportagens envolvendo diretamente o governo Lula mereceram, na mesma edição, tratamento não só reduzido, mas deliberadamente negativo.

A primeira delas foi sobre o balanço das contas públicas em 2024. Ocupando apenas quatro minutos no meio do segundo bloco, o assunto mereceu chamada mentirosa: “Rombo nas contas públicas”.

A reportagem começa falando em rombo, mas acaba tendo que admitir que o “déficit de cerca de R$ 40 bilhões estava dentro da meta”. Ou seja: o JN mentiu e se desmentiu em questão de minutos, mas para o público desavisado ficou a impressão de um governo irresponsável, quando na realidade Lula e sua equipe econômica merecem elogios pela capacidade que estão demonstrando para equilibrar as finanças brasileiras num quadro absolutamente hostil: Congresso dominado pela extrema-direita, mercado financeiro forçando alta de juros, gastos dos parlamentares com emendas secretas e emendas pix e a defesa intransigente de militares e magistrados em relação aos seus privilégios.

Num quadro como esse, era para ser destacado o resultado positivo nas contas públicas, mas o JN fez questão de tentar carimbar a testa de Lula como ” gastador”.

Mais absurda ainda foi a decisão do JN de mencionar, em seguida, apenas alguns trechos da entrevista de uma hora de duração que o presidente havia dado para a imprensa na manhã desta mesma quinta-feira.

De novo, o JN mentiu no que se refere aos gastos públicos, ao transformar a fala de Lula de que não haverá pacote fiscal em 2025 em não estar preocupado com o equilíbrio fiscal.

Aliás, quase todos os trechos das respostas de Lula selecionados pelo JN ficaram distorcidos ou colocados meio que fora do contexto, devido ao que os âncoras mencionavam antes, fazendo uma espécie de enquadrando para a fala do presidente.

Em síntese, a edição desta quinta-feira foi um lamentável espetáculo do que uma mídia venal, canalha, golpista e sem qualquer compromisso com o Brasil e a população brasileira é capaz de fazer. Até quando?”

Eliara Santana

Terrorismo econômico jornalístico em cena. De novo. Matéria sobre o déficit público, no JN, é absolutamente para não ser compreendida. Segundo o Tesouro Nacional, o governo manteve a meta de gastos estabelecida. Mas, segundo o jornal, manteve, mas nada tanto assim, ou seja, não foi bom, mesmo cumprindo a meta. E isso com todos os gastos extras, como a tragédia no Rio Grande do Sul.

A matéria terrorista antecedeu a reportagem sobre a entrevista coletiva do presidente Lula e se soma a outras ações editoriais que já estão em curso.

Sobre a entrevista, a edição destacou alguns pontos mais burocráticos e que mantinham acesa a chama do terrorismo, trazendo o tema inflação, por exemplo, mas tudo muito recortado, sem dar a dimensão do peso da entrevista do presidente.

Enfim, a velha estratégia de contenção e agendamento retorna. Seguimos.