Por Arcírio Gouvêa Neto, jornalista
Pelo pouco que vejo dos noticiários na TV tenho visto que o nível profissional do nosso jornalismo está péssimo. O que mais vi em coberturas jornalísticas, entrevistas coletivas e vai por aí foi repórter totalmente despreparado para a função. Não sabiam nada de nada do que se tratava. Eu ficava com vergonha das perguntas ridículas. Repórter que está cobrindo algum evento e no final da cobertura, na hora em que todos estão indo embora, ele vem perguntar o que foi mesmo que aconteceu.
O cenário está sofrível em todas as áreas. E só uns poucos se salvam. Lembro que quando era editor de um jornal no Rio pedi a uma repórter para cobrir uma desavença entre Romário e Eurico Miranda. Como punição, Romário treinava separado do elenco, pela manhã.
Como eu chegava no jornal à tarde, pedi que pela manhã ela fosse no campo do Vasco fazer uma entrevista com ele. Quando cheguei na redação, à tarde, a vi serelepe pra lá e pra cá, sem estar escrevendo a matéria. Imaginei que já tivesse escrito e perguntei se poderia ver. Ela disse que não tinha feito a entrevista. Perguntei porquê. E a resposta foi uma das pérolas do jornalismo pátrio: “Não tem nada na internet”.
Na concepção dela, as notícias brotam na internet por geração espontânea. Ninguém precisa ir no local fazer nada, basta sentar na frente do computador e pronto. Não sei se o problema está nas faculdades de jornalismo ou mesmo no desinteresse do profissional pelo trabalho que exerce.
Hoje, com a enxurrada de gente nas redes sociais metendo o bedelho em tudo eu não sei mais quem é jornalista e quem não é. O que impera é a prática do copia e cola. Isso hoje é normal nas redações da “grande mídia”. Sem a mínima preocupação em apurar se aquela informação é verdadeira.
Na dúvida, prefiro a mídia alternativa, me parece mais segura e responsável. Apenas parece, não tenho dados para afirmar que é. Nem vou falar no massacre diário da língua portuguesa.
E salve-se quem puder.