Por César Fraga, no Facebook
Jornalismo investigativo é redundância; se é jornalismo já é investigativo; e dar a investigação da polícia, do MP, ou seja lá do que for sem checar ou acrescentar nada é release; juntar um monte de declarações sem materialidade é fofoca, vulgo “jornalismo declaratório”.
Praticamos muito mal o jornalismo nos dias de hoje, principalmente porque ficou tão escancarado o opinativo em detrimento do informativo que pra equilibrar todo mundo acaba resvalando na polarização; acabamos produzindo peças de propaganda, quando deveríamos voltar dois passos e exercitar o bom e velho jornalismo que busca dar o maior numero de lados e provas consistentes sobre os temas investigados; mesmo sabendo que imparcialidade e isenção é bobagem, e que sempre somos parciais, mas parciais com responsabilidade.
Precisamos buscar uma parcialidade saudável, que tenha lastro nos fatos muito mais do que no que somos impelidos a acreditar; o jornalismo antes de crenças, precisa de dúvida; precisa duvidar de tudo e de todos, mas não apenas quando convém, e sim por princípio, como forma de pensar; aceitar o termo “jornalismo investigativo” é considerar que o que deveria ser o mínimo aceitável se tornou um produto especial;.
Isso apenas reforça a decadência da profissão e duma sociedade e seu tempo, quando se consome cada vez mais o que se quer ouvir e se rejeita o que precisa ser dito; porque, queridos amigos, a verdade não é para todos os ouvidos, ela dói, e se não doer é porque talvez não seja verdade…