“Sou jornalista, mas gosto mesmo é de marcenaria. Gosto de fazer móveis, cadeiras, e minha ética como marceneiro é igual à minha ética como jornalista não tenho duas.
Não existe uma ética específica do jornalista: sua ética é a mesma do cidadão.
Suponho que não se vai esperar que, pelo fato de ser jornalista, o sujeito possa bater carteira e não ir para a cadeia.” (Claudio Abramo)
Não há exagero algum em afirmar que a ética do jornalismo é a mesma do cidadão, como afirmava Claudio Abramo. Mas que se multiplica hoje em dia o número de profissionais da comunicação que se acham acima do bem e do mal, se multiplica, sim.
Vejam um exemplo: reportagem de O Estado de S. Paulo traz na capa de sexta-feira (19/set) que exceção dos Correios privilegia a candidata Dilma no envio de material de propaganda eleitoral. No entanto, repórteres do jornal foram informados antes que a prática do envio de material de campanha para a população, sem a chancela dos Correios (mote para a acusação) é legal e que vários partidos, inclusive os de oposição a Dilma, como PSDB e DEM, também utilizam do serviço.
Mas nem por isso, o jornal deixou de estampar em sua primeira página que havia privilégio a Dilma.
Pergunta: não teriam os jornalistas que assinaram a matéria “batido” a carteira dos Correios e dos leitores?
Se a prática é correta, como comprovou a empresa, a chamada de capa não é um ato de corrupção?
Claudio Abramo deixou não só uma biografia insuspeita como afirmações que vão acima deste texto. Para pensarmos.
Veja o link do blog O Cafezinho sobre o assunto, além de entrevista do presidente dos Correios, Wagner Pinheiro á Rádio CBN e declarações da presidenta Dilma.
Dilma diz que caso dos Correios é “factoide de campanha”
19/09/2014 | 15:04 | ESTADÃO CONTEUDO
A presidente Dilma Rousseff (PT) reagiu e chamou de “factoide de campanha” a revelação feita nesta sexta-feira, 19, pelo jornal O Estado de S.Paulo que os Correios abriram uma exceção para distribuir em São Paulo panfletos da petista sem chancela ou comprovante de postagem oficial. “É um equívoco monumental. Nós pagamos, temos a nota fiscal. Contratamos um serviço que os Correios prestam para qualquer entidade”, declarou a presidente.
O jornal mostrou hoje que foram distribuídos 4,8 milhões de panfletos da campanha da petista sem chancela. A estampa, prevista em norma da própria estatal, serve para demonstrar que houve pagamento para o envio, de forma regular, da propaganda eleitoral. Sem ela, é difícil atestar que a quantidade de material distribuído corresponde ao que foi contratado pelo partido.
Dilma disse hoje que as postagens foram chanceladas “de uma outra forma”, mas não entrou em detalhes. Ela reiterou que sua campanha tem os comprovantes de pagamento do serviço. “Me dêem as provas. Não adianta me dizer que é ilegal se não me mostrar onde falta a nota fiscal”, afirmou.
Ela destacou que sua campanha pagou “uma barbaridade pelo serviço”. Questionada sobre o valor desembolsado, Dilma respondeu: “Não tenho a ideia aqui de quanto pagou, mas nós temos recibo”.
A presidente disse ainda que não considera haver nada de errado com o caso e que o envio das correspondências configuraria “mistura entre o público e o privado” apenas se não tivesse ocorrido pagamento.
“Até agora, em tudo o que olhamos, eu não vi nenhum erro. Não sou do tipo que acha que está acima de qualquer suspeita. Se eu quero ser presidente da República tenho de aguentar o rojão. Se a campanha cometeu equívoco, vai prestar conta.”
Blog O Cafezinho:
Entrevista de Wagner Pinheiro para a CBN: