O título parece confuso, mas confusa é a interpretação que o jornalista Eugênio Bucci dá à história recente do país. Em sua coluna no Estadão esta semana ele pergunta: Quem vai dizer obrigado ao Jornal Nacional?
POR ANTONIO MELLO, compartilhado de Revista Fórum
O título parece confuso, mas confusa é a interpretação que o jornalista Eugênio Bucci (ex-presidente da Radiobrás no governo do primeiro governo Lula e professor da ECA-USP) dá à história recente do país.
Em sua coluna no Estadão esta semana ele pergunta: Quem vai dizer obrigado ao Jornal Nacional?
E por que deveríamos, segundo Bucci, agradecer ao JN? Por dois motivos principais: porque a Globo não apoiou o governo Bolsonaro na pandemia e o JN fez uma cobertura impecável se posicionando contra o golpe de 8 de janeiro.
Só esquece de dizer que o JN não foi contra o governo nem o golpe do dia 8 de janeiro por defender princípios democráticos. Defendia seus interesses e os milhões em verbas publicitárias cortadas por Bolsonaro, que a atacava diariamente com o Globolixo.
Globo na contramão do Brasil
O conglomerado da família Marinho sempre esteve na contramão dos interesses do povo brasileiro, a não ser nos casos em que esses interesses coincidiam com o seus, como no golpe de 8 de janeiro. Eles não queriam fica mais quatro anos no sereno do governo Bolsonaro, debaixo de sol e de chuva.
As emissoras da família Marinho foram contra o estabelecimento do salário mínimo para o trabalhador, contra a Petrobras, que querem privatizada. Apoiaram e andaram de braços dados com a ditadura militar. Foram contra o governo Brizola no Rio de Janeiro, especialmente contra o maior projeto de educação do país, os CIEPs, que o povo apelidou de brizolões, e que a Globo combateu até reduzi-los de 500 a praticamente zero.
O Jornal Nacional e o jornalismo do grupo foram o braço midiático do golpe do impeachment de Dilma e da prisão de Lula para que ele não disputasse as eleições e Bolsonaro se elegesse em 2018.
Por nada disso a Globo pediu desculpas. Pelo prêmio ao ex-juiz Moro, pela cobertura criminosa do JN em favor da Lava Jato, numa parceria que expunha diariamente o “escândalo de corrupção do PT e de Lula”, que agora ruiu como a farsa que sempre foi.
Pesquisa do Poder 360 de 2017 mostra que, apenas sobre a lista da delação da Odebrecht, “O Jornal Nacional, principal telejornal do país, exibiu 4 horas, 24 minutos e 51 segundos de reportagens” contra Lula e o PT.
E o jornalista ainda quer que parabenizemos o JN?!
A Globo ainda deve muito aos brasileiros. E se teve um comportamento correto na cobertura da pandemia e do golpe de 8 de janeiro, não fez mais do que sua obrigação como empresa jornalística.
Nada de parabéns, pelo contrário. Na lista dos criminosos do golpe do impeachment e da prisão de Lula, além e acima de Moro e Dallagnol esteve a cobertura criminosa da Globo. Não podemos nos esquecer disso. Jamais parabenizá-la.