José Alves  pelo Facebook

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PERVERSO E ABUSADOR

A maior greve dos professores da rede estadual paulista acabou hoje após 92 dias.




Foi a primeira vez na história que uma greve acabou sem nenhuma proposta, sem nenhuma contrapartida, sem nenhuma tentativa de pôr fim a ela que não fosse pela mentira, pelo descaso e pela truculência por parte do governo Alckmin.

A greve dos professores paranaense acabou esta semana com uma proposta de aumento, apesar de estar num estado muito mais falido que São Paulo. Outras greves na educação ocorreram ao longo do País, mas nenhuma durou tanto e nenhuma acabou como a de São Paulo – sem nenhum respeito pelo movimento por parte de quem deveria zelar pelos professores e alunos do Estado.

Fica evidente, assim, que a violência inominável da polícia paranaense foi menos nociva do que aquela praticada pela política tucana no Estado de São Paulo.

A do nosso estado age como um abusador perverso: finge-se de inocente, destrói na surdina, mente, pratica crimes de assédio e perseguição às escondidas, acaba com a auto-estima de suas vítimas porque as culpabiliza pela opressão vivida, atua apostando no desgaste lento e psicológico daqueles que considera seu inimigo.

O resultado desta violência do abusador perverso é bem mais perene do que as feridas físicas que ficaram nos corpos dos colegas paranaenses. Dilacera a auto-estima no âmbito do imaginário – é a “dor do espírito”.

Destrói a alma de uma maneira tão forte que décadas não serão suficientes para saná-la.

A figura do médico bonzinho, de fala mansa, educado, de perfil bom moço é ideal para que este tipo de perversidade praticada pelo seu governo se fortaleça.

E esta figura entra em perfeita ressonância com a maioria de seus eleitores, tidos como educados, com filhos em boas escolas, cordiais, que vão à igreja e bancam bons passeios e bens materiais aos seus filhos. Defendem, para todos, a educação e a saúde públicas. Mas, do alto de seus preconceitos, cultuam a manutenção da desigualdade como a forma natural do mundo permanecer.

E qualquer tentativa de evitar isso deve ser combatida na surdina, com pequenos atos de preconceitos, abusos e perversidades cotidianos em relação aos mais pobres, negros, gays, menores não-universitários-de-classe-média, dentro da cordialidade, defendendo a ordem e o progresso, lutando contra a corrupção – se esta for a forma de atacar quem tenta qualquer insubordinação contra esse estado de coisas. Esse tipo de perversidade, fruto de uma raiva silenciosa, revela-se nos votos – para a surpresa de uma parcela que tem a coragem de se manifestar publicamente. É assim que Alckmins, Serras, Telhadas e outros se elegem ad infinitum.

A violência do governo de São Paulo nestes 93 dias de greve é histórica e permanecerá para sempre no imaginário das escolas paulistas.

E grande parte dos eleitores de Alckmin devem, sim, carregar essa culpa. Tão perversos e abusadores quanto a política de seu ícone, líder deste governo.

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