Josias de Souza, um dos jornalistas usados pela Lava Jato para “descer a lenha” em Lula, de acordo com diálogo da Spoofing, orientou Deltan Dallagnol sobre suas aspirações políticas.
Compartilhado de Diario do Centro do Mundo
Está na série da Vaza Jato do Intercept, em matéria de 3 de setembro de 2019:
O procurador Deltan Dallagnol considerou durante mais de um ano se candidatar ao Senado nas eleições de 2018, revelam mensagens trocadas via Telegram e entregues ao Intercept por uma fonte anônima. Num chat consigo mesmo, que funcionava como espaço de reflexão do procurador, ele chegou a se considerar ‘provavelmente eleito’. Também avaliou que a mudança que desejava implantar no país dependeria de “o MPF lançar um candidato por Estado” — uma evidente atuação partidária do Ministério Público Federal, proibida pela Constituição.
As mensagens indicam, ainda, que a candidatura não era meramente um plano pessoal de Dallagnol, mas, diante de um “sistema político derrubado”, um desejo de procuradores que ia além da Lava Jato e do Paraná. Em mais de um momento, ele afirma que teria apoio da força-tarefa caso decidisse concorrer, o que indica que isso foi tema de debates internos.
DD via “circunstâncias apontando possivelmente nessa direção”, entre elas o fato de que “todos na LJ apoiariam a decisão” de apresentar seu nome aos eleitores, em suas próprias palavras.
A alturas tantas, ele escreveu no Telegram: “Há ainda quem leia que uma atuação simbólica como a de Randolfeé inócua (como Josias de Souza), embora eu discorde (com Michael Mohallem). Além disso, ainda que seja algo que está no meu destino, como Joaquim Falcão disse, sair agora seria muito arriscado e não produtivo em comparação com outras opções”.
Josias, que cumpriu com gosto o papel de pau mandado da República de Curitiba com uma obsessão assassina por Lula, admitiu as conversas.
Um sujeito que fez carreira em cima da moralidade pública, cobrando como um Catão careca que o PT se suicidasse por causa da corrupção, achou normal um procurador visivelmente picareta e lelé da cuca procurá-lo a respeito de suas ambições.
“Ele [Dallagnol] não falou em ser candidato, claramente, mas em ter procuradores [concorrendo] na eleição do ano que vinha. Até fui atrás [dos procuradores candidatos, em 2018], mas não apareceram. Foi após uma entrevista em vídeo, feita na [sede da] Procuradoria [Geral da República], em Brasília, em outubro de 2017. Após a entrevista, os cinegrafistas estavam desmontando os equipamentos e houve essa rápida conversa”, falou ao Intercept.
“Ele disse que às vezes tinha a impressão de que tinha de haver procuradores no Congresso, que a coisa daí talvez caminhasse. Seria um erro capital, eu falei, porque vocês como procuradores realizam um trabalho meritório. Se vão para o Senado, primeiro comprometem esse trabalho e, em segundo lugar, lá gente muito bem intencionada, e citei o exemplo de Randolfe [Rodrigues], não tem retaguarda partidária, e tem atuação que não resulta na concretização das boas intenções”.
Essa conversa ainda não veio à tona na íntegra. Ainda. Mas é questão de tempo.