Jovens indígenas abrem nova frente na luta pelos direitos dos povos originários

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Workshop desvenda segredos da produção audiovisual e termina com websérie lançada nesta terça-feira (9), Dia Internacional dos Povos Indígenas

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Na foto: Jovens indígenas durante as aulas no início da gravação da websérie: empoderamento narrativo. Foto divulgação/Instituto Raoni

A luta pelos direitos dos povos originários envolve que eles assumam a narrativa da própria história. Mais um passo foi dado na aldeia Wani Wani, na Terra Capoto-Jarina, no Mato Grosso – durante 13 dias, 20 jovens indígenas se reuniram para aprender técnicas do audiovisual e se debruçar sobre a importância da comunicação como ferramenta para defender e fortalecer os direitos dos povos da floresta.

“Poder trabalhar com as ferramentas audiovisuais nos trouxe muitos sentimentos e uma vontade de produzir cada vez mais”, festeja Matsi Waura Txucarramãe, 28 anos, um dos participantes do workshop. “A mensagem que deixo para outros jovens indígenas que querem trabalhar com essas ferramentas é: não desistam. Busquem caminhos que possam ajudar a entendê-las e compreender a linguagem do branco. Depois repassem para sua linguagem, seu mundo. Precisamos dar visibilidade à causa, à diversidade e à valorização dos comunicadores indígenas.

O curso realizado entre os meses de maio e junho contou com oficinas e práticas audiovisuais coordenadas pelos cineastas indígenas Kamikia Kisedje e Arewana Juruna e pela cineasta Simone Giovine. O produto final dos encontros é uma websérie, composta por sete curtas-metragens, que foi lançada nesta quarta-feira (9), Dia Internacional dos Povos Indígenas, no canal do YouTube do Instituto Raoni.

Os curtas misturam cenas do cotidiano das aldeias, com partes encenadas, entrevistas em português e em línguas nativas, para resgatar a história, preservar a cultura e narrar em primeira pessoa a vida de povos indígenas no Brasil. O workshop de comunicação foi promovido pelo Instituto Raoni, organização do povo Kayapó, com apoio da Conservação Internacional (CI-Brasil).

O objetivo principal foi formar comunicadores e fortalecer a rede de divulgação de informações e de colaboradores que atua no território Capoto-Jarina. “A comunicação tem lugar de destaque no fortalecimento das pautas indígenas e os jovens são os grandes protagonistas desse movimento, dominando cada vez mais as ferramentas dos meios digitais e audiovisuais”, avalia Vivian Fraga, coordenadora de projeto da CI-Brasil. “Não apenas para comunicar a cultura, mas também para falar da realidade de seus territórios, que hoje são impactados por inúmeras violações ambientais”.

A iniciativa ocorre em momento de diversos desafios para os povos indígenas, que sofrem com a paralisação da demarcação das suas terras, o desmatamento desenfreado e o crescimento do garimpo ilegal. Segundo dados do censo do IBGE realizado em 2010, o Brasil abriga 817.963 mil indígenas de 305 etnias e que falam 274 línguas. A maioria é de jovens, que, com iniciativas como o workshop, atuam cada vez mais como porta-vozes de seus povos.

As oficinas de formação em comunicação promovidas pelo Instituto Raoni são apoiadas pela CI-Brasil dentro do projeto Nossas Futuras Florestas – Amazônia Verde. A iniciativa tem como objetivo fortalecer organizações e povos indígenas através de ações relacionadas à conservação, comunicação, direitos, políticas sociais, desenvolvimento de lideranças, entre outros temas. O Nossas Futuras Florestas – AV é realizado em parceria com a Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica, em espanhol) e o governo francês.

Assista ao primeiro capítulo da websérie:

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