Juiz da “Mãos Limpas” prega a necessidade de “quarentena” antes de  magistrado partir para a política

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Trecho de entrevista feita para  o Bem Blogado pela jornalista Paola Ligasacchi, com produção de  Ricardo Moreira e edição de Washington Luiz de Araújo – 

Destaque da entrevista com o ex-juiz da Operação “Mãos Limpas” Gherardo Colombo, onde traçamos um paralelo com as denúncias (via Intercept) contra o ex-juiz e procuradores da Lava jato, trazendo à baila “combinações” que levaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão,  entre outras vítimas.  Aqui, o ex-juiz Gherardo Colombo fala que, por questões éticas, um magistrado deve obedecer uma “quarentena” no caso de partir para a carreira política. 

Sobre o fato de Sérgio Moro ver similaridade no fato  dele ter se tornado ministro e as  atitude que  do juiz Falcone e Antonio Di Pietro.




Giovani Falcone nunca exerceu atividade política, nunca abandonou a magistratura para exercer atividade política. Giovani Falcone foi dirigente do Ministério da Justiça, desenvolvendo atividade administrativa, atividade absolutamente técnica. O ministro é uma outra pessoa. Decisões políticas são tomadas por um ministro. É inexato dizer que Giovani Falcone se dedicou à política, isso não é verdade.
Antonio di Pietro deixou passar quase um ano e meio  do momento em que deixou as investigações da operação Mãos Limpas até o momento que assumiu o cargo de ministro de Obras Públicas, não de ministro da Justiça. Antonio di Pietro nunca foi ministro da Justiça.  E deixou passar um tempo bastante consistente, que para mim deveria ser a regra.
Se tivesse me acontecido, quando eu era magistrado de me dedicar à política, a minha regra seria a de deixar a magistratura para sempre e deixar passar um tempo consistente desde o momento que a deixei até o momento de assumir uma responsabilidade política. Pietro esteve fora um tempo que eu considero relevante, quase um ano e meio, um ano e três ou quatro meses. Passou um tempo considerável. Eu creio que a regra deve ser essa.

Regras não estritas, mas importantes – Sim, de fato a lei na Itália não impede que se faça sem um intervalo, pois permite que se concorra às eleições parlamentares e a lei prevê que se pode assumir um cargo político ministerial também. Atenção, pois existem as regras que não são estritas, mas que tem uma influência importante; ou melhor, as regras que estão dentro da nossa constituição e podem ser interpretadas.

Magistratura com independência –  Eu acredito que seja necessário manter efetivamente a independência da magistratura, é muito importante. Não apenas ser independente, mas parecer independente. Ou seja, é necessário que o cidadão não pense que uma certa atividade no exercício da função judiciária  ocorreu por causa de interesses pessoais ou de outros interesses. E, então, para que tudo isso possa ser verificado, é necessário que se demita definitivamente da magistratura. E a lei não o diz. Segundo, se deixe passar um tempo tão consistente quanto se exige para o cargo de notoriedade como é o cargo de um juiz.

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