Juíza determina que Malafaia exclua publicações contra Vera Magalhães e proíbe ofensas

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Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e da extrema direita evangélica atacou a jornalista seguidamente depois da pergunta que irritou Bolsonaro durante debate na Band no último domingo. Pelo menos seis jornalistas mulheres sofreram ataques machistas/misóginos nesta semana

Por Mauro Lopes, compartilhado da Revista Fórum




Silas Malafaia e Vera Magalhães.Créditos: Reprodução

A juíza Maria Carolina de Mattos Bertoldo, da 21ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, determinou, nesta sexta-feira (2), que  o líder evangélico Silas Malafaia, líder da  Assembleia de Deus Vitória em Cristo e da extrema direita evangélica remova oito publicações feitas em seu Twitter com agressões à jornalista Vera Magalhães. A juíza também proibiu Malafaia de veicular novas ofensas e informações falsas contra ela redes sociais. Até as 10h deste sábado a ordem não havia sido cumprida e os tuítes seguiam no perfil de Malafaia. A semana registrou ataques machistas/misóginos a pelo menos seis mulheres jornalistas

Os ataques começaram depois do debate presidencial do domingo, quando Vera questionou Ciro Gomes (PDT) e Bolsonaro (PL) sobre postura negacionista do presidente na pandemia. A jornalista foi ofendida por Bolsonaro depois da pergunta: “Vera, não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”.

Em suas redes, Silas Malafaia afirmou, sem provas, que Vera Magalhães foi contratada pelo ex-governador João Doria (PSDB) e recebia R$ 500 mil por ano da TV Cultura para fazer ataques sistemáticos ao governo federal. A informação foi desmentida pela jornalista nas redes sociais —ela recebe R$ 22 mil mensais.

Semana de ataques a mulheres jornalistas

Foi uma semana com intensos ataques a mulheres jornalistas, com pelo menos seis ocorrências, sendo quatro delas do campo bolsonarista. Além de Vera Magalhães, que trabalha na TV Cultura, no jornal O Globo e rádio CBN, sofreram ataques Gabriela Prioli (CNN), Míriam Leitão (TV Globo, GloboNews, O Globo), Fátima Bernardes (Globo), Patrícia Campos Mello (Folha de S.Paulo) e Consuelo Dieguez (Piauí).

Antes desses ataques, o ano de 2022 já somava 66 agressões graves contra jornalistas, que envolvem episódios de violência física, destruição de equipamentos, ameaças e assassinatos. O levantamento é da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e outras instituições como a Unesco, Fenaj e Repórteres sem Fronteira. As 66 agressões representam  um crescimento de 69,2% em comparação com o mesmo período de 2021, que teve 39 casos.

O cenário geral de ataques também se agravou: de janeiro a julho de 2022, foram identificados 291 alertas totais de violações da liberdade de imprensa — 15,5% a mais do que nos primeiros sete meses do ano passado. Em outro levantamento, a Abraji havia registrado, em 2020, que 37,5% dos 367 ataques a jornalistas e profissionais da imprensa brasileira foram direcionados a mulheres. 

56.4% dos ataques contêm discursos estigmatizantes, que buscam difamar e constranger as vítimas. Desses, 74.2% são discursos de autoridades e figuras proeminentes e 51.6% são campanhas sistemáticas de ataques.

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