Juliana Cardoso: Decisão do STF suspende exploração do mercado da morte na cidade de SP

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Decisão do STF suspende mercado da morte na cidade de São Paulo

Por Juliana Cardoso, compartilhado de Viomundo




na foto: Cemitério da Vila Alpina, Zona Leste da capital paulista. Foto: André Kuchar

Foi com o sentimento de alívio e, sobretudo, de justiça que os paulistanos receberam a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Flavio Dino, que determinou o retorno aos preços dos serviços funerários praticados antes da privatização na cidade de São Paulo.

A decisão atende pedido de Arguição do Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) impetrado pelo PC do B.

Desde a privatização dos 22 cemitérios e do crematório em março do ano passado, se avolumam reclamações dos abusos praticados pelas quatro empresas que receberam as concessões.

Apesar do prefeito Ricardo Nunes alegar que “atua para que valores e serviços prestados pelas empresas se tornem mais acessíveis”, a realidade é outra. O mundo cor rosa do prefeito não existe.

As queixas das famílias que acabaram de perder algum parente podem ser listadas como dificuldade para acesso aos enterros sociais gratuitos; serviços de exumações com valores 10 vezes maiores aos preços anteriores a privatização; ameaças pelas concessionárias de despejos de túmulos perpétuos; desaparecimento de ossadas de sepultados; cobrança indevida de exumação de corpos vítimas do Covid-19; e cobrança de uso de capelas.

Em meio as tristezas, os velórios e sepultamentos ser tornaram um mercado da morte com a exploração comercial das famílias enlutadas. Todo esse comércio contraria o interesse público como bem assinalou o STF.

Embora a medida do ministro seja provisória até que o plenário do STF julgue o conteúdo da ação, quem agora estiver enlutado deverá receber tratamento mais respeitoso.

Mesmo porque a decisão o ministro reafirma “a necessidade de priorizar o interesse público e a acessibilidade a serviços essenciais em um momento tão delicado como o da perda de um ente querido”.

A decisão ainda “restabelece o princípio da dignidade humana contida na Constituição Federal e o aumento dos valores violou princípios básicos da regulação tarifária e impactou negativamente milhares de famílias”.

Sábia e justa decisão. Junto com a população e o Sindsep (Sindicato dos Servidores Municipais), nosso mandato se soma na luta pelo fim dos contratos de privatização e pela retomada para a administração direta todo Serviço Funerário Municipal.

Despejos dos sepultados

Mesmo porque, as maldades das concessionárias, porém, não têm fim.

A privatização dos cemitérios na gestão Ricardo Nunes tem outra novidade na busca de lucro, conforme denúncia publicada recentemente na mídia.

Além do abandono dos cemitérios e de cobranças abusivas de taxas para cremações e sepultamentos, há também as retomadas ilegais de túmulos familiares.

São as sepulturas dos cemitérios mais antigos da cidade como o do Araçá, Consolação e outros em que as famílias são proprietárias.

As empresas concessionárias estão fazendo os despejos dos restos mortais dos sepultados para revenda.

*Juliana Cardoso é deputada federal eleita de São Paulo para o mandato 2023/2026. Faz parte da Comissão de Saúde e da Comissão de Mulheres, além de 1ª vice-presidente da Comissão dos Povos Originários e Amazônia.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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