Um discurso vazio de propostas e ideologicamente fraco foi aclamado como “histórico”. E não é por acaso
Por Yuri Ferreira, compartilhado de Fórum
O discurso de Kamala Harris, realizado nesta quinta-feira (22) no encerramento da Convenção Nacional do Partido Democrata, foi descrito pela imprensa norte-americana como “histórico” e “vibrante”.
É claro que grande parte da mídia dos EUA é favorável ao Partido Democrata e está em campanha pela vitória de Kamala Harris nas eleições de 2024. Contudo, isso não significa que a mídia mentiu. De fato, o discurso foi amplamente aclamado pelo público.
Kamala compartilhou um pouco de sua história de vida, criticou Donald Trump, abordou brevemente a economia e, ao final, deu destaque à luta pela legalização do aborto nos EUA.
Harris não apresentou propostas, não trouxe reformas econômicas palpáveis e nem sequer falou sobre seu plano econômico. Foi extremamente vaga em praticamente todos os temas mencionados na campanha.
No entanto, com um sorriso largo e acenos para seu marido, sua irmã, seu vice e outros políticos presentes, Kamala tem uma estratégia muito clara para sua campanha.
Não se trata de uma disputa sobre quem tem a melhor proposta ou o melhor plano econômico. Não é Obama vs. Romney ou Bush vs. Gore.
É uma disputa simples de carisma. Este é o segredo de Kamala. Foi assim que ela reverteu rapidamente as pesquisas eleitorais nacionais sem apresentar nenhuma proposta concreta: apenas sorrindo e acenando.
Trump é odioso, gritalhão, conflituoso e mal-educado. Kamala é sorridente, gentil, simpática… e isso já o suficiente para dar energia e mobilização para sua candidatura.
No discurso, ela manteve apoio a todas as políticas de Joe Biden – que não são impopulares entre o público americano – continuarão. E isso é aceitável para boa parte do eleitorado.
A chance de eleger a primeira mulher é ótima, assim como a de barrar Trump. E Kamala tem muito menos esqueletos no armário do que Hillary Clinton.
A campanha curta facilitará a vida de Kamala, pois haverá menos oportunidades para erros. E ela minimizará essa chance tentando ser o mais vaga e abrangente possível.
Trump tem apenas uma carta na manga: o pânico moral contra uma imigrante no poder.