Nove livros, a maioria de literatura fantástica, tiveram a retirada de bibliotecas determinada pelo governo de Santa Catarina
Letícia Cotta, compartilhado de Metrópoles
O governo de Santa Catarina, chefiado por Jorginho Mello (PL), determinou a retirada de nove obras literárias do acervo bibliotecário das instituições de ensino públicas do estado. Foi enviado um ofício às instituições na última terça-feira (7/11): “Determinamos que as obras listadas abaixo sejam retiradas de circulação e armazenadas em local não acessível à comunidade escolar”, diz o documento.
O ofício não explica a motivação e é assinado pelo supervisor regional de educação, Waldemar Ronssem Júnior, e pela integradora regional de educação, Anelise dos Santos de Medeiros. Contudo, o documento destaca que novas orientações serão dadas em breve.
Veja a lista de livros banidos das bibliotecas públicas e escolares de Santa CatarinaPlay Video
- A química Entre Nós, de Larry Young e Brian Alexander;
- Coração Satânico, de William Hjortsberg;
- Donnie Darko, de Richard Kelly;
- Ed Lorraine Warren: demonologistas – arquivos sobrenaturais, de Gerald Brittl;
- Exorcismo, de Thomas B. Allen;
- It: A Coisa, de Stephen King;
- Laranja Mecânica, de Anthony Burgess;
- Os 13 Porquês, de Jay Ascher;
- O diário do Diabo: os segredos de Alfred Rosenberg, de Robert K. Wittman e David Kinne.
O caso foi denunciado ao Ministério Público pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSol) de Santa Catarina. O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Estado da Educação (SED) de Santa Catarina, que afirmou que a “redistribuição” dos livros busca “adequar as obras literárias às faixas faixas etárias das diferentes modalidades oferecidas na rede estadual de educação”.
Veja a íntegra da nota disponibilizada pelo governo de SC:
“A Secretaria de Estado da Educação (SED), por meio da Coordenadoria Regional de Educação de Florianópolis, informa que está redistribuindo alguns dos títulos das bibliotecas das unidades escolares da região, buscando melhor adequar as obras literárias às faixas etárias das diferentes modalidades oferecidas na rede estadual de educação”.
Censura literária
Diversas obras literárias já enfrentaram censura no Brasil mesmo após o final da ditadura. Um dos casos mais conhecidos é o da HQ Vingadores: A Cruzada das Crianças, que contém um beijo gay e chegou a ser recolhido da Bienal do Livro do Rio, há quatro anos. A justificativa para o recolhimento veio do então prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que afirmou que a prefeitura estaria “protegendo os menores da nossa cidade”.