Compartilhado de RBA –
Após decisão do STF, PGR prepara coleta de dados das forças-tarefa da Lava Jato
São Paulo – Para a advogada Tânia Mandarino, os motivos que levaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) a solicitar o informações das forças-tarefa da Lava Jato “são questionáveis”. Assim como a atuação do próprio Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou o compartilhamento desses dados na última quinta-feira (9). Mas o resultado vai ser positivo para a sociedade.
Segundo Tânia, que é integrante do coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, é preciso que a sociedade pressione pela apuração dos desvios cometidos pelos procuradores.
“As forças-tarefas da Lava Jato, sobretudo a ‘República de Curitiba’, têm se comportado como um poder à parte. (…) Imagino que os crimes desses meninos (os procuradores) vão começar a aparecer agora”, afirmou, em entrevista a Glauco Faria noJornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (13).
Apesar dos efeitos positivos a longo prazo, a advogada teme que a PGR esteja sendo “instrumentalizada”, em meio aos conflitos entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. Por outro lado, ela afirma que STF demorou a reagir sobre as violações cometidas pelos integrantes da Lava Jato.
A PGR deve analisar se as forças-tarefa no Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo usaram sistemas de informações próprios, inacessíveis às instâncias superiores. Também vai apurar se os procuradores chegaram a investigar, indevidamente, autoridades com foro especial. A eventual constatação desses desvios deve ensejar pedido de responsabilização dos procuradores envolvidos.
Mais que convicções
Tânia atua no caso em que o procurador Diogo Castor de Mattos é investigado por ter pago um outdoor, em Curitiba, para promover a Lava Jato. Ela diz que a sindicância aberta pela corregedoria do Ministério Público Federal aponta uma série de infrações passíveis de punição. Mas os prazos para as punições administrativas acabaram prescrevendo. Contudo, ela diz que o coletivo de advogados vai prosseguir com as acusações na esfera criminal, onde os prazos para prescrição são mais longos.
Além de apontar para a responsabilização de Castor de Mattos, os documentos juntados pela corregedoria apontam que Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba, sabia das infrações cometidas. Após o caso vir a público, esse procurador pediu afastamento, alegando motivos de saúde. Segundo Tânia, Dallagnol também sabia se tratar de uma falsa alegação.
Assista à entrevista:
Redação: Tiago Pereira