Leandro Fortes pelo Facebook

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PROCURA-SE UMA BOIA PARA FHC

A mídia ainda não achou um jeito de tirar Fernando Henrique Cardoso da enrascada em que a jornalista Mirian Dutra o meteu.

A tese de que a relação com a amante é uma questão de foro íntimo só faria sentido se:




1) O presidente da República e, por extensão, o Brasil, não tivessem sido feitos reféns da Rede Globo, por oito anos, sabe-se lá a que preço, para que essa amante ficasse escondida na Europa;

2) O presidente da República não tivesse se utilizado de uma empresa concessionária – a Brasif – para enviar dinheiro para o exterior, por meio de uma offshore aberta em paraíso fiscal, para o filho que ele imaginava ser dele – e que, agora se sabe, pode ser mesmo;

3) O presidente da República não tivesse se mancomunado com um editor da revista Veja para fraudar uma notícia com o objetivo de mentir ao País sobre a gravidez de Mirian Dutra;

4) O presidente da República não tivesse nomeado a irmã da amante, Margrit Dutra Schmidt, para cargo público federal, no Ministério da Justiça e, mais tarde, ter providenciado junto a um aliado, o senador José Serra (PSDB-SP), um emprego-fantasma no Senado, onde ela está há 15 anos, recebendo salário, todo mês, sem aparecer para dar expediente.

A nota da Brasif, uma explicação seca e patética montada por advogados para dizer que Mirian recebia dinheiro da empresa, mas que FHC nada tinha a ver com o caso, é uma dessas coisas que só podem ser vinculadas seriamente no Brasil, dada a indigência moral e profissional da nossa imprensa pátria.

Mirian recebia 4 mil dólares por mês para pesquisar preços – o que, aliás, ela disse que nunca fez.

Para acreditar nessa versão mambembe é preciso ser cínico em nível patológico ou uma besta quadrada completa, categorias em que se enquadram 99% dos batedores de panela e manifestantes da CBF dos domingos de histeria e ódio da Avenida Paulista – Margrit Dutra Schmidt entre eles.

Em um muxoxo particularmente hilariante, FHC acusou o golpe: acha ser “uso político” a Polícia Federal investigar essas transações de evasão fiscal feitas pela Brasif nas Ilhas Cayman, o paraíso dourado dos tucanos.

Então, está combinado.

Quando a investigação é sobre o barco de lata de dona Marisa Letícia ou sobre o número de caixas de cerveja que Lula levou para um sítio em Atibaia, é combate à corrupção.

Mas investigar remessas de dinheiro, via paraíso fiscal, feitas por uma concessionária do governo, a mando de um presidente da República, para manter uma amante de bico fechado com o apoio da TV Globo e da Veja, é uso político.

O problema central é que, antigamente, bastava silenciar e manipular o noticiário.

Hoje, com as redes sociais, como bem sabe José Serra e sua bolinha de papel atômica, é preciso muito mais do que jornalistas servis e desonestos para esconder um escândalo desse tamanho

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