Publicado na Rede Brasil Atual –
Em encontro oficial, no Vaticano, atriz e a juíza entregaram ao sumo pontífice carta que afirma que o impedimento de Dilma Rousseff é um “golpe parlamentar de Estado” sem fundamento legal
A atriz Letícia Sabatella e a juíza Kenarik Boujikian Felippe participaram ontem (9) de um encontro oficial com o papa Francisco, no Vaticano, e entregaram a ele uma carta denunciando a ilegalidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A carta é assinada pelo advogado Marcello Lavenère, membro da Comissão Justiça e Paz da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). O texto considera o impedimento da presidenta um “golpe parlamentar de Estado”, manipulado pela mídia, sem fundamento legal, e afirma que essa conjuntura poderá afetar outros países da América Latina.
“De forma objetiva, devo declarar que meu país se encontra na iminência de sofrer um ‘golpe de estado’, consubstanciado na usurpação do mandato concedido por 54 milhões de votos à presidenta Dilma Rousseff, sob capa de um ‘processo de impeachment’ desprovido de fundamento legal”, diz o texto de Lavenère, que foi um dos autores do pedido de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1992.
O encontro ocorreu na Casa Santa Marta, residência do sumo pontífice, e durou cerca de 45 minutos. Letícia e Kenarik falaram em português e o papa, em espanhol. “Ele nos ouviu atentamente, nos disse que irá orar pelo povo brasileiro, que se preocupa com o Brasil. Perguntando sobre a postura de diálogo necessário sobre o nosso ponto de vista, ele reiterou que o diálogo é uma necessidade para a construção de um mundo melhor para todos”, afirmou Kenarik à Rádio França Internacional (RFI).
Também em entrevista à RFI, Leticia Sabatella criticou o clima de intolerância instaurado no país com a crise política. “Esse clima de intolerância é como uma doença, acho que é pertinente pedirmos o auxílio e levar ao papa o que está acontecendo. Existe uma sombra, um ódio, uma busca pelo bode expiatório que não vai resolver a situação sistemática do país.”
“Inconformados com a derrota (das eleições presidenciais, em outubro de 2014), partidos de oposição desenvolvem intensa atividade de desestabilização do governo, favorecidos por uma crise econômica que aumenta o nível de desemprego, inibe investimentos e reduz o Produto Interno Bruto”, diz o texto, que foi redigido a pedido do membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile.
“Sob o pretexto de defender a ética, políticos expressamente envolvidos em corrupção, como o deputado Eduardo Cunha, (…) juntaram-se a outros parlamentares eleitos com financiamento de grandes empresas e defensores dos interesses das elites, para o fim de derrubar um governo que combateu a desigualdade e que realizou, com enormes dificuldades, a inclusão social de 40 milhões de brasileiros”, detalha a carta.
Leia o texto na íntegra aqui.