“Libertação” dos EUA? As reações dos países à guerra tarifária de Trump

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A China, Europa e demais países garantiram duras retaliações, no que promete ser o início de uma grave crise comercial mundial

Por Patricia Faermann, compartilhado de GGN




na foto: Trump e Xi Jinping, em 2019 – Foto: The White House

O tarifaço de Donald Trump após a sentença devastadora a parceiros comerciais em todo o mundo, no que ele chamou de “Dia da Libertação”, não tardou a gerar reações. A China e Europa responderam imediatamente aos anúncios, garantindo duras retaliações, no que promete ser o início de uma grave crise comercial mundial.

A China, o país mais afetado, deverá pagar uma taxa de um total de 54% sobre todos os produtos exportados para os Estados Unidos. Isso porque, acima da tarifa de 20% já atualmente aplicada, Trump decretou um adicional de 34% nesta quarta-feira (02).

“A China se opõe firmemente a isso e tomará resolutamente contramedidas para salvaguardar seus próprios direitos e interesses”, respondeu, imediatamente, o Ministério do Comércio da China, em comunicado.

A pasta, responsável pelas relações comerciais internacionais, afirmou que a atitude de Trump é uma “prática típica de intimidação unilateral” e que as taxas não são verdadeiramente “recíprocas”.

EUA TRAVAM GUERRA COMERCIAL

A alegação do mandatário norte-americano é que os EUA deverá aplicar as mesmas taxas de importação aplicadas pelos países correspondentes, de forma a supostamente proteger o comércio e indústria nacionais [entenda mais aqui]. Para o governo chinês, a decisão dos EUA é “inconsistente comas as regras do comércio internacional” e tem como base “avaliações subjetivas e unilaterais”, ou seja, não leva em consideração o peso e impacto, o que inclui não somente os países afetados, como também as próprias indústrias norte-americanas.

Para se ter uma ideia, gigantes da Big Tech dos próprios EUA perderam bilhões em valores de mercado nesta quarta, após o anúncio de Trump. A Apple, por exemplo, já perdeu mais de US$ 100 bilhões, em poucas horas, por deter parte significativa da produção na China, Índia e Vietnã, todos países que sofreram os altos reajustes de Trump.

Além da reação propriamente do mercado, que lida com inseguranças e temores, os recuos e perdas econômicas ocorrerão diretamente nas produções destes países e vendas de peças para indústrias-chave dos EUA que necessitam das mesmas para a sua própria produção.

Algumas das altas taxas anunciadas nesta quarta entrarão em vigor já neste sábado, 5 de abril.

CHINA: A PRINCIPAL MIRA DOS EUA

Desde o primeiro dia de governo, Trump anunciou 10% de imposto sobre as importações chinesas e, um mês depois de assumir a Casa Branca, uma nova rodada de 10% adicionais de taxas.

As primeiras respostas de Pequim também foram imediatas, com taxas retaliatórias sobre uma série de importações dos EUA, com um pacote de taxas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito e 10% sobre petróleo bruto, máquinas agrícolas e alguns veículos.

Desta vez, contudo, o tom foi mais forte e a China pediu que Washington cancele as novas medidas tarifárias, indicando uma resposta mais dura, caso contrário.

“A China insta os Estados Unidos a cancelarem imediatamente as taxas unilaterais e a resolverem adequadamente as disputas com os seus parceiros comerciais através de um diálogo justo”, disse, em comunicado.

Segundo o Ministério do Comércio chinês, o novo tarifaço “colocam em risco o desenvolvimento econômico global” e promete “lutar para defende os direitos e interesses”. Ao final da mensagem, Pequim deu um claro recado: “Não há vencedores numa guerra comercial.”

CONFIRA AS REAÇÕES INTERNACIONAIS

A Ásia foi o principal continente afetado pelo anúncio de Trump. Além da China, a Índia sofrerá uma tarifa de 26% e o Japão – que sofrerá um total de 24% de taxas sobre as importações para os EUA – respondeu à Casa Branca, afirmando que as medidas “extremamente lamentáveis” implicarão em ameaças aos investimentos dos japoneses no país.

A Coreia do Sul também entrou na mira, com um total de 25% para o país. O líder interino, Han Duck-soo, afirmou que “uma guerra tarifária global se tornou realidade” e pediu às autoridades “todos os esforços para superar a crise comercial”.

Os demais países serão taxados em um total de 10%, incluindo os países da América Latina, Reino Unido e Cingapura. Sem muitas reações, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer disse que o país buscará “manter a calma”.

A União Europeia também reagiu ao anúncio de Trump e a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, disse que o bloco está finalizando “o primeiro pacote de contramedidas em resposta às tarifas do aço” e que defenderá “os interesses a valores” da Europa.

O Brasil aprovou uma lei que permitiu uma retaliação contra os norte-americanos, com apoio dos ruralistas na Câmara dos Deputados. O projeto seguiu para a sanção presidencial nesta mesma quarta-feira (02).

Já o México e Canadá, que sofreram uma das maiores taxas iniciais, permanecem com os mesmos 25% de tarifas do mês passado. Naquele período, ambos os países já reagiram e o premir canadense, Mark Carney, alertou que as tarifas “irão mudar fundamentalmente o sistema de comércio mundial”.

De forma ainda mais intimidatória, os EUA se anteciparam às reações de todos os países e, à imprensa, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que aqueles que retaliarem os EUA sofrerão aumentos ainda maiores de taxas.

“Meu conselho para todos os países neste momento é: Não retaliem”, disse. “Se você retaliar, haverá uma escalada.”

Com informações da Bloomberg, AFP e RTP.

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