Sérgio Amadeu pelo Facebook –
Fui assessor do deputado Elói Pietá na CPI do Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992. Visitei o pavilhão 9 diversas vezes. Vi laudos cadavéricos e as trajetórias dos disparos que penetraram nos corpos, de cima para baixo, muitos nas palmas das mãos dos mortos. Vi tiros nas paredes do pavilhão, quase todos a menos de um metro do chão.
Vi o então médico legista e deputado Antenor Chiccarino perguntar a um PM em que lugar do corpo ele havia sido ferido no suposto confronto. O PM mostrou uma cicatriz que tinha claramente se formado meses antes do massacre. O médico denunciou a farsa. Mas a farsa não era de um ou outro policial, era do governo Fleury. Ela também foi logo defendida pelo Ministério Púbico, na época já dominado pelo grupo que o transformou, meses depois, em cidadela de defesa do tucanato.
A anulação do julgamento dos assassinos que entraram no Carandiru e fuzilaram os presos das 4 primeiras celas de cada um dos 4 pavimentos é um sinal dos tucanos para todos. Aqui, vivemos um golpe judicial-midiático. Aqui, a PM pode matar. Pode implantar uma unidade de exceção em cada viatura da ROTA. Aqui, estudante que ocupa escola é enquadrado como membro do crime organizado.
Afinal, aqui é o Estado governado pelo PSDB, partido de um governador que ao defender uma execução sumária praticada pela PM disse “quem não reagiu, ficou vivo”. Este é o recado do partido que comanda o fascismo de botique no Brasil.
Fascistas perfumados e estudados em Sorbonne, mas fascistas, antes de mais nada. Neoliberais que perderam a conexão com qualquer princípio de respeito aos direitos e garantias fundamentais. Agora, o Judiciário paulista dá o seu recado: pode matar que estamos aqui. O Judiciário paulista é a casa do Secretário de Educação de Alckmin, um ex-desembargador que veio para por ordem nas escolas.
Lamentável. Vivemos um Estado de Exceção. O maior inimigo da democracia hoje é a plutocracia neofascista dos tucanos e seus aparelhadores das funções essenciais da Justiça.