Mais de 40% das quase 80 milhões de toneladas de lixo produzidas por ano no Brasil são descartadas irregularmente
Por Custodio Coimbra, compartilhado de Projeto Colabora
Sofá abandonado na Baía de Guanabara. O Brasil não consegue reciclar nem 3% do lixo produzido. Foto Custódio Coimbra
Cada brasileiro gera, em média, quase um quilo de lixo por dia. Em um ano são 343 quilos, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Urbana e Resíduos Especiais (Abrelpe). Isso é muito? Nem tanto. Os habitantes de países desenvolvidos como a Alemanha, a Áustria, a Coréia do Sul e a Dinamarca chegam a produzir entre 500 e 700 quilos de lixo por ano. A diferença, fundamental, é que lá o percentual de lixo reciclado pode superar a marca dos 60%, como acontece na Alemanha e na Coréia do Sul. Enquanto por aqui esse índice não chega sequer a 3% do lixo produzido. Todo o resto segue sendo lançado em rios, mares, terrenos baldios, lixões a céu aberto e aterros sanitários.
Esta semana, o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, esteve no Ministério do Meio Ambiente apresentando o panorama da gestão de Resíduos Sólidos no Brasil, na última década. Em especial, os desafios que o país ainda enfrenta para cumprir os compromissos assumidos internacionalmente para reduzir a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Carlos frisou que, nos últimos 10 anos, a geração de resíduos no país só aumentou, chegando as atuais 80 milhões de toneladas/ano. Deste montante, cerca 40,5% continuam sendo destinados incorretamente, contribuindo para que em todo território nacional ainda estejam em atividade cerca de 2.800 lixões a céu aberto. De acordo com ele, os lixões são a terceira maior fonte de emissão global de gás metano, agente mais nocivo que o próprio gás carbônico. Apenas no Brasil, o setor de Resíduos Sólidos Urbanos é responsável por 96 milhões de toneladas de CO/ano.