Longe do topo do muro: sobre a chapa Lula- Alckmin

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Por Walter Falceta, compartilhado de Construir Resistência

1) Primeiramente, é óbvio que o metalúrgico não é infalível. Com certeza, no entanto, acerta muito mais do que erra. Um personagem do equívoco não se transformaria de retirante no melhor presidente que o país já teve.




2) Lula aprendeu com o revés de 2016 e com sua própria dolorosa prisão, obra dos meliantes do powerpoint e do lawfare marrequista. Por isso, reforça as paliçadas, trata de constituir aliados estratégicos e de garantir a governabilidade em um eventual terceiro mandato.

3) Há muito o que se condenar na história política de Geraldo Alckmin, um conservador de carteirinha. Não é preciso repetir aqui os pecados desse homem tão religioso.

4) Do ponto de vista da estratégica política, no entanto, tê-lo como vice é uma cartada de mestre do barba. Primeiramente, porque atenua a falsa imagem de “comunista comedor de criancinha” que lhe é atribuída pela direita militante.

5) Para expressivos setores do eleitorado, o roxo é, do ponto de vista do marketing eleitoral, muito mais palatável do que o vermelho.

6) Há quem diga que Alckmin não tem votos. É verdade. Mas impede que Lula sofra a rejeição de parte considerável do eleitorado de centro e de centro-direita.

7) Alckmin fez vista grossa a negociatas feias do PSDB, mas não é um delinquente como José Serra ou um mercador tubarão ególatra como João Doria. Daquilo que vem do tucanato, é a matéria mais digerível. Há inúmeros tons de cinza nessa paleta que tinge os caras do lado de lá.

8 ) Nas linhas conservadoras, há um assombroso desespero com a possível oficialização da chapa. A revista Veja dando faniquitos. Sugere que Lula vai enganar o médico de Pinda, que só o petista tem a ganhar com essa parceria.

9) Pastores conservadores e empresários estão fazendo fila na porta de Alckmin, suplicando para que rejeite o acordo. Ora, se essas figuras basilares do fascismo se mostram tão azafamadas, é porque a dupleta certamente representa ameaça ao projeto reacionário.

10) A eleição está longe de se considerar ganha. A indústria de fake news, em breve, começará a fustigar o metalúrgico. Parte da grande imprensa, possivelmente capitaneada pela Rede Globo, vai cerrar fileiras em defesa de Sergio Moro, figura talvez mais perigosa que o próprio genocida. Não há, portanto, razão para cantar vitória antecipada e desperdiçar a chance de ampliar o espectro de cores no arco-íris da disputa eleitoral.

11) Por fim, é preciso estabelecer pontes sólidas de contato com o novo Congresso. Sem ele, caímos de novo no meio do trajeto. A candidatura mista facilitará a construção de acordos de cooperação entre o legislativo e o executivo. É nessa função, entre outras, que Lula espera a atuação de Alckmin, visto como ponderado e hábil negociador.

12) O futuro governo Lula não será de revolução. Pés no chão, galera. Será um governo de reconstrução. Temos 28 milhões de famintos, recessão técnica, cemitérios lotados, economia arruinada e milhões de desempregados e desalentados. É hora de somar esforços para oferecer alguma proteína e alguma esperança ao povo trabalhador do Brasil.

13) E pense bem antes de repetir em 2023 oUm levante de 2013. Fica a dica.

Walter Falceta é jornalista e um dos fundadores do Coletivo Democracia Corintiana

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