Estou pensando que vivemos num país mesmo muito atrasado, pelo colonialismo, pelo coronelismo, pelas ditaduras e nos esquecemos disso na batalha política diária.
A parte do país que ainda é escravocrata, que ainda defende os privilégios da elite acima do pacto social, que ainda acredita na ordem (moral, religiosa e nunca laica) para manter o progresso (linear, hegemônico, imperialista), é muito grande.
Detém a mídia, sim, mas mais que isso encontra eco na população. As urnas provam isso nos legislativos eleitos, e também em muitos executivos (vcs viram Alagoas?!).
Governar democraticamente, infelizmente, é governar também para essas pessoas, ainda que isso muitas vezes dê vontade de vomitar. Dilma consegue.
E consegue avançar, apesar disso e em diálogo (incômodo, mas possível) com isso. A direita a odeia porque ela avança.
A esquerda a critica, porque ela engole muito mais do que parece admissível. Mas ela segue.
Definitivamente, uma mulher que não foge à luta. Meu voto é dela.
Não porque seu opositor representa tudo que eu rejeito (o que também é verdade, já que é um playboy hipócrita e inflamado, com um programa de governo baseado num modelo neoliberal e atrasado de desenvolvimento) mas porque ela é tudo o que eu admiro: uma mulher que defende um projeto de país com igualdade de acesso a tudo (renda, emprego, luz, saneamento, médicos, casa, educação e direitos fundamentais) acima de qualquer coisa, sem a ingenuidade de achar que vai ser fácil, sem a arrogância de achar que isso é tudo (embora seja muito e o que ela escolheu como fundamental), deixando os temas tabu assumirem a pauta sem se responsabilizar sozinha por eles (porque seria errado, paternalista e suicídio, com risco de ser até literal e não só político): corrupção e reforma política, regulamentação da mídia, trabalho escravo, direitos LGBT, aborto, estado laico de fato e tantos outros.