Bom, vou insistir. Nenhum dos meus amados amigos aecistas topou um debate ponto a ponto comigo ainda. Mas eu fiz minha lição de casa. 10 pontos de por que voto em Dilma (sem falar do Aécio) e 10 pontos de por que não voto em Aécio (sem falar da Dilma). Se alguém aí topar fazer o inverso e trocar comigo para comentarmos, seria MUITO legal.
POR QUE VOTO EM DILMA
1) Li de um amigo aecista outro dia, Thiago Lacerda, que governar “não é só achar um jeito de dar um prato de comida para quem não tem o privilégio da oportunidade”. Prato de comida? Dilma tem uma estratégia, a que chama de projeto de país: manter a economia crescendo, distribuir renda, gerar empregos e criar políticas que garantam acesso universal a tudo o que há de básico: comida, sim, mas também casa, escola, médico, saneamento básico, luz, emprego.
E os resultados são um país onde crianças morrem menos, adultos vivem mais, passa-se menos fome, estuda-se por mais tempo, para dizer o mínimo.
Reduzir muito a mortalidade infantil:
Sair do mapa da fome: http://exame.abril.com.
Reduzir muito a pobreza extrema:http://exame.abril.
Melhoria nos índices que compõem o IDH, com destaque para expectativa de vida e de anos de estudo:http://noticias.uol.
Plano Nacional de Educação:http://g1.globo.com/
2) O Bolsa Família é um Programa genial. Não porque alguém inventou de dar dinheiro para os pobres, mas porque faz parte dessa estratégia relatada acima.
http://www1.folha.uol.com.br/
http://www.
http://www.ipc-undp.org/
http://www.worldbank.org/pt/
3) Existe uma crise no modelo de crescimento econômico: ela é ética, no sentido de que o desenvolvimentismo vem desrespeitando o meio ambiente e passa por cima de minorias e de que muito se fez às custas dos direitos humanos. É também prática: no sentido de que o estímulo ao consumo tem um limite. Ela não é brasileira, é mundial, e não nasceu nos últimos 12 anos, nasceu no começo do século XX. E a solução para ela precisará ser encontrada. Na minha opinião, Dilma tem alguma chance de encontra-la – porque é democrática, porque não fará isso às custas de privilegiar uma parcela pequena da população e sim privilegiando a maioria. Porque está combatendo o coronelismo político democraticamente (e isso inclui os ruralistas, os poderosos dos rincões onde a insustentabilidade acontece) – propondo e apoiando a reforma política, fortalecendo as instituições públicas.
4) Li de um outro amigo, este Dilmista, Rodrigo Lage Leite, que Dilma garante dia-a-dia a democracia. Reproduzo dele um trecho que me representa: “Porque reconheço a verve democrática dos governos petistas. Joaquim Barbosa, dias atrás, elogiou Lula e Dilma por NUNCA terem tentando usar o poder presidencial, ou o fato de o terem indicado ao STF, para tentar influenciar o processo de julgamento do mensalão. A revista Veja (ainda bem) nunca foi impedida de deitar e rolar com suas matérias sensacionalistas e parciais de ataques grosseiros e odiosos ao PT (Vide Mainardi, Constantino, Reinaldo Azevedo). A Folha de São Paulo e o Estadão (dois jornais de direita, um camuflado e um declarado) sempre mantiveram seu programa antipetista, sem interferências de qualquer ordem. Aliás, o recente episódio com Xico Sá mostra o contrário! A interferência quem sofreu foi Xico, ao tentar apresentar um ponto de vista pró-Dilma. Onde está então a tal ameaça petista à democracia? O risco de cerceamento da imprensa e da mídia? E não vale sacar da manga do paletó teorias conspiratórias e golpistas que dizem que se está “preparando” a bolivarização do Brasil!”. Para continuar nas comunicações e na liberdade de expressão, foi no governo Dilma que o Marco Civil da Internet foi aprovado. Ela é difícil de entender, mas ao mesmo tempo aprofunda e permite aprofundar o debate. Já não se trata mais de fazer ou não fazer o Bolsa Família na escala em que o PT o desenhou, mas de discutir sua qualidade e se ele é eficiente no longo prazo – e é. Já não se trata de discutir se criança tem que ir para a escola, mas de pra que escola ela tem que ir. E, nesse caso também, ela aponta caminhos bem interessantes. Já não se trata mais de implorar para que o aborto seja pauta, mas de como tratar a pauta do aborto – Marina Silva se viu obrigada a dizer que faria um plebiscito. Já não se trata mais de discutir se as pessoas devem sair da pobreza, mas de discutir o conceito de pobreza e riqueza. Já não se trata mais de dizer que os homossexuais precisam ter direitos reconhecidos, mas que direitos promoverão a igualdade – criminalização da homofobia? Casamento igualitário? Já não se trata mais de discutir o modelo de distribuição de renda, mas sim o de desenvolvimento econômico. Cara, que avanço!!!
5) Eu me orgulho da política externa a Dilma:http://www.cartacapital.
6) Scandal e House of Cards fizeram grande sucesso recentemente no Brasil. São seriados americanos, sobre os jogos de poder americanos. Falam conosco porque aqui também há jogos de poder, mas especialmente porque em cada um de nós há um jogo de forças. Ninguém é só bom ou só mau, todo mundo é, em maior ou menor grau e a depender enormemente das circunstâncias, corruptível. Como se combate a corrupção então? Dilma propõe caminhos: fortalece a independência dos órgãos judiciários e investigativos, às custas inclusive de que os sistemas de poder e corrupção desses órgãos fiquem evidentes. Propõe a reforma política por uma constituinte, ou seja, por pessoas que não legislarão para si próprias. Demite. Não se posiciona frente a condenações, mesmo que não concorde com elas, porque sabe o seu lugar de Presidente da República. E contra ela, nunca, nenhuma denúncia.
7) Para mim, explicitar conflitos é quase uma obsessão. Porque acho que é quando eles ficam claros é que podem ser superados, se não aquilo fica ali até que possa aparecer de novo. O PT nunca se disse igual ao PSDB, nem igual a nada – e Dilma é mestra em explicitar diferenças. Mas avança. Os planos de governo não são iguais – um privilegia a igualdade, o outro privilegia o livre-mercado. A corrupção não é igual – o governo de um teve integrantes julgados e condenados, os governos do outro engavetam processos. Um pede a reforma política, o outro cria e acaba com a reeleição como lhe convém. O apoio da mídia não é igual – um depende de blogs, colunistas, intelectuais e pequenos veículos para ter as suas versões contadas. O outro, as têm em massa, todos os dias. Nada é igual e por isso se avança.
8) Na mesma linha, ela não combate os problemas que encontra de forma pessoal ou de curto prazo. Tem corrupção? Vamos mudar o sistema. Tem machismo? Vamos nomear mulheres de forma igualitária, criar ministério, fazer politica de proteção. Tem manifestação nas ruas? Vamos fazer uma agenda de respostas àquilo que nos compete. A questão da segurança pública é nacional, mas as polícias são divididas? Vamos pensar sistemas de integração. É o caminho mais difícil, muitas vezes mais complexo de ser obtido e também explicado à população. Mas é o caminho que fortalece a democracia.
9) Ela garantiu a Comissão Nacional da Verdade. Por que isso é importante? Porque um país que não conhece sua própria história, que não entra em contato com seus traumas, não elabora seus lutos e segue repetindo o que tem de mais mortífero. E a Ditadura é traumática para todos – ela dissemina medo, silêncio, embota o pensamento, distancia as pessoas das causas e dos espaços públicos, aliena, machuca. A nossa ditadura ainda acirrou desigualdades e destruiu o ensino público. É preciso contar essa história, mostrar seus algozes, elaborar, para enfim poder de fato deixar para trás.
10) Minhas razões pessoais: o que essa mulher enfrenta por ser mulher não está escrito. Não enfrentou apenas na tortura, mas enfrenta todos os dias, no seu cotidiano de trabalho e também nas redes sociais, nos comentários de bar. Gorda, Puta, Misógina. A solidão a que está submetida, algumas vezes porque fica isolada em suas próprias convicções, mas na maior parte das vezes porque interessa ao jogo político que ela fique isolada. O país que ela governa, com o modelo tosco de governabilidade que herdou, as bancadas mais conservadoras fazendo ameaças e jogando pesado nos bastidores. E ela luta, mantém-se na linha, sem grandes escorregões, fiel a seu projeto de país, negociando constante e democraticamente. Porque tem como paixão o interesse público. Isso é muito raro e é admirável.
POR QUE NÃO VOTO EM AÉCIO
1) Porque não conheço nada em sua experiência política anterior que me faria votar nele. Sua gestão como governador me parece seguir um modelo bastante neoliberal e no senado ele foi bastante apagado. Ele votou contra o aumento do salário mínimo:http://www.viomundo.
Pedi que amigos me dessem razões aqui para mudar de opinião, mas não recebi respostas.
2) Porque ele mente quando diz que o PSDB inventou o Bolsa Família e que vai mantê-lo. Ele quer mudar a estratégia como um todo e o Bolsa Família só faz sentido dentro da estratégia. Ele questiona justamente o esforço do atual governo em evitar os sacrifícios da população mais carente – para ele, o crescimento econômico e o livre mercado estão acima disso. Quem falou? O Armínio Fraga, seu futuro ministro, aquele que ele citou em vários debates. E outros economistas:
http://g1.globo.com/globo-
http://www1.folha.uol.com.br/
http://www.brasil247.com/pt/
3) Porque ele faz terrorismo quando fala da crise econômica.
http://agenciabrasil.ebc.com.
http://oglobo.globo.com/
http://www.cartacapital.com.
http://www.theguardian.com/
http://plantaobrasil.com.br/
http://plantaobrasil.com.br/
http://plantaobrasil.com.br/
4) Não é que ele seja pouco transparente. Ele é perigosamente anti-democrático.
Ele tem a maior parte da grande mídia a seu favor:http://www.
Ele é acusado de inibir a imprensa que se posiciona contra:http://www.
Seu partido é acusado de interferir no posicionamento público dos professores.
http://www.sinprodf.org.br/
Em São Paulo, o PSDB tem um contrato enorme com a Veja para sua distribuição nas escolas públicas. O posicionamento da Veja é bem claro. Imagine se o Governo Federal distribuísse a Carta Capital para todas as escolas públicas do País.
Ele fazia publicidade do governo na sua própria rádio:
http://eleicoes.uol.com.br/
Os dados citados pela candidata oponente no debate da Band sumiram do site do TCE de Minas:
http://www1.folha.uol.com.br/
http://www1.folha.uol.com.br/
E eu fui buscar uma notícia no Estadão sobre a taxa de inflação baixa, que eu tinha republicado no facebook, e ela tinha sumido. Isso não fortalece a transparência, nem a democracia.
5) Ele chamou o Golpe de 1964 de Revolução:http://www1.folha.
6) Sua proposta de política externa se reaproxima da de FHC. Eu não concordo em privilegiar apenas as relações econômicas na atuação internacional.
7) Ele defende a moral e a ética, e acusa o PT de aparelhar o Estado e de ser corrupto, Mas seu partido é considerado mais corrupto.http://www.
Há muitos escândalos esclarecidos e não esclarecidos sobre os governos do PSDB. Apenas alguns:http://www.
http://www.fpabramo.org.br/
http://www1.folha.uol.com.br/
http://jornalggn.com.br/fora-
Fora as denúncias sobre o Mensalão Mineiro e a história mal contada do desvio da saúde, que fez com que os dados do TCE sumissem.
8) Nos debates, Aécio foge do conflito, evita explicitar as diferenças. Diz que quer aproveitar o que o “PT fez de bom”, e evita que a população entenda onde estão os conflitos de visão de País. Propõe uma conversa de cavalheiros. Seu debate é na retórica e não no conteúdo. Acho isso muito perigoso, ainda que reconheça que é uma estratégia de campanha.
9) Ele não assinou o compromisso contra o trabalho escravo:http://www.
10) O último dos meus motivos para NÃO votar em Aécio também é pessoal. Ele representa algo de que não gosto: um cara que teve tudo na vida, ralou pouco, mas acha que é especial e age como se fosse dono da verdade, acima do bem e do mal. Ele gosta de ganhar e de bater, o prazer dele é ver “ela desesperada”. É machista – assim se apresenta quando se dirige às mulheres nos debates (e como acho o Juca Kfouri um cara sério, cogito a possibilidade mesmo dele ter batido em uma mulher em público: http://blogdojuca.