Temos que admitir: nunca vimos disso e não estamos preparados para enfrentar. Mesmo nos piores momentos das ditaduras que existiram no Brasil, jamais houve um governo como o atual. Um governo que tem como projeto a destruição da educação e da cultura.
Muitos governantes não deram à educação e à cultura a prioridade merecida. Muitos, também, abraçaram compreensões atrasadas ou mesmo reacionárias da educação e da cultura.
Mas esse desprezo, esse ódio, esse despeito, por parte do presidente e de seus ministros, que fazem com que a destruição da educação e da cultura surja como uma prioridade – isso é algo próprio do bolsonarismo.
É difícil enfrentar porque é algo invulnerável ao embate de ideias. Não partilhamos de quaisquer valores que permitam construir um terreno comum para a disputa e é da ignorância, da brutalidade e da estupidez que eles extraem sua força.
Luis Felipe Miguel (Rio de Janeiro, 1967) é doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasilia (UnB), onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades.