Luiz Carlos Bresser Pereira convoca intelectuais a votarem em Dilma Rousseff

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Via Elci Pimenta – 

Discurso de Luiz Carlos Bresser-Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro do governo FHC, no ato público dos intelectuais de São Paulo (PUC-SP, 20.10.2014)

Bresser-Pereira é professor emérito da Fundação Getúlio Vargas e presidente do Centro de Economia Política. Foi Ministro da Fazenda, da Administração Federal e Reforma do Estado, e da Ciência e Tecnologia. É bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, mestre em administração de empresas pela Michigan State University, doutor e livre docente em economia pela Universidade de São Paulo. Foi professor visitante de desenvolvimento econômico na Universidade de Paris I (1978), e de teoria política no Departamento de Ciência Política da USP (2002/03). Foi também visitante da Oxford University (1999 e 2001) e do Instituto de Estudos Avançados da USP (1989). Desde 2003, oferece regulamente um seminário de um mês na École d’Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris.




Meus amigos,

Estou aqui para convocar os intelectuais brasileiros a votarem pela reeleição da Presidente Dilma Rousseff. Esta é novamente uma eleição em que se confrontam pobres e ricos, Progressistas e conservadores, Esquerda e direita, Desenvolvimentistas e neoliberais.

Ora, nesse quadro, não há dúvida em quem votar. É necessário votar no candidato que representa os pobres ou os trabalhadores;

No candidato que é progressista ou de centro-esquerda,

No candidato que está comprometido com os pobres e as novas classes médias, não com os ricos e a classe média tradicional;

No candidato cujo compromisso seja continuar a avançar nas conquistas sociais destes últimos doze anos, não em congelá-las e fazê-las regredir;

No candidato que além de defender os interesses dos pobres, defende também os interesses dos empresários que investem e criam empregos;

No candidato que defende o Brasil, porque defende o nacionalismo econômico e a soberania nacional, ao invés de o liberalismo econômico e a dependência ou o colonialismo;

No candidato que é desenvolvimentista, porque sabe que é necessário combinar mercado e Estado, ao invés de professar o credo neoliberal do Estado mínimo;

No candidato que sabe que não basta responsabilidade fiscal (que não basta controlar as despesas públicas); que é também necessária responsabilidade cambial, ou seja, a busca do equilíbrio comercial ou da conta-corrente do país;

No candidato desenvolvimentista que defende um pacto político social-democrático que envolva os empresários, os trabalhadores e a nova classe média;

No candidato que rejeita a coalizão rentista ou neoliberal – o acordo dos muito poucos que une os capitalistas e as classes médias rentistas aos financistas e aos interesses estrangeiros, que rejeita o acordo de muito poucos em favor de juros reais altos e câmbio apreciado.

Eu sei que essa coalizão de interesses financeiros se declara representar a razão econômica universal;

Eu sei que ela engana a muitos, que acreditam que o neoliberalismo pode levar ao desenvolvimento econômico e mesmo à justiça social;

Mas não tenham dúvida: o neoliberalismo aprofunda sempre as desigualdades, e – o que é pior – leva sempre os países em desenvolvimento ao baixo crescimento e à crise financeira;

Sim, ao baixo crescimento e à crise da dívida externa, porque o liberalismo econômico defende déficits em conta-corrente crônicos, que mais cedo ou mais tarde levam o país a quebrar e a pedir socorro ao FMI.

Meus amigos, no próximo domingo nós, brasileiros, temos uma decisão crucial a tomar:
– Ou continuamos a promover o desenvolvimento econômico e a diminuir as desigualdades, ou nos entregamos ao rentismo e ao neoliberalismo;
– Ou nos inserimos na economia mundial em termos competitivos, ou nos submetemos aos países ricos;
– Ou continuamos a construir uma nação que cresce com diminuição das desigualdades, ou entregamos nossa soberania aos interesses estrangeiros.

A presidente Dilma está a um passo de ser reeleita.
Os pobres sabem que ela os defende, e por isso votam nela; já os ricos, votam praticamente todos no candidato da direita, porque assim defendem seus interesses.
Os rentistas estão hoje ressentidos. Doze anos de governo de esquerda já basta para eles.
O sistema financeiro e seus economistas, que representam os interesses rentistas e externos, reúnem todas as suas imensas forças contra a presidente Dilma Rousseff.

Mas isto não impedirá que Dilma seja reeleita. Mas isto não impedirá que o Brasil continue realizando uma revolução democrática e progressista.

Muito obrigado,
Luiz Carlos Bresser Pereira

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