O Bem Blogado vai trazer aqui uma série de frases de Lula durante as entrevistas que ele vem concedendo. Entrevistas estas, diga-se de passagem, só liberadas para ele conceder depois de mais de um ano de prisão.
Já na primeira entrevista, Lula deixava claro o que foi evidenciado no dia 30 de setembro: não sai da prisão sem que seja definitivamente inocentado.
O ex-presidente sempre disse que melhor do que o jargão criado pela militância, “Lula Livre”, é “Lua Inocente”. Para ele, tem muito bandido livre.
Aqui, para recordar, algumas declarações sobre a forma com que Lula quer sair da prisão.
Entrevista concedida pelo ex-presidente Lula aos jornalistas Florestan Fernandes Júnior, do EL PAÍS, e Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, em 26 de abril.
“Ficarei preso cem anos, mas eu não trocarei a minha dignidade pela minha liberdade
Tinha muita gente que achava que eu deveria sair do Brasil, ir para uma embaixada, muita gente achava que eu deveria fugir. Eu tomei como decisão que meu lugar é aqui.
Eu tenho tanta obsessão de desmascarar o Moro, desmascarar o Dallagnol e a sua turma e desmascarar aqueles que me condenaram, que eu ficarei preso cem anos, mas eu não trocarei a minha dignidade pela minha liberdade.
Como eu quero viver até os 120 anos, porque acho que sou um ser humano que nasceu para ir até os 120, eu vou trabalhar muito para mostrar a minha inocência e a farsa que foi montada.
Eu tenho certeza que eu durmo todo dia com a minha consciência tranquila. Tenho certeza que o Dallagnol não dorme, que o Moro não dorme.
Quem tem 73 anos de idade, quem construiu a vida que eu construí neste país, quem estabeleceu as relações que eu estabeleci, quem fez o Governo que eu fiz nesse país, quem recuperou o orgulho e a auto estima do povo brasileiro como eu e vocês fizemos no meu período de Governo, não vou me entregar.
Você pensa que eu não gostaria de estar em casa? Eu adoraria estar em casa com a minha mulher, com o meus filhos, meus netos, com meus companheiros. Mas não faço nenhuma questão. Porque eu quero sair daqui com a cabeça erguida como eu entrei. Inocente. E eu só posso fazer isso se eu tiver coragem e lutar por isso.
O que eu penso na vida? Penso que haverá um dia em que as pessoas que irão me julgar estarão preocupados com os autos do processo, com as provas contidas no processo, e não com a manchete do Jornal Nacional, com as capas das revistas, não com as mentiras do fake news. As pessoas se comportarão como juízes supremos de uma corte.
Eu não peço favor a ninguém, eu não quero favor de ninguém, eu não quero. Só quero, pelo amor de Deus, que as pessoas julguem, julguem em funções das provas.
Se as pessoas não confessarem agora, no dia da extrema unção a gente vai confessar. Ele tem certeza que eu sou inocente. O Dallagnol ele tem certeza que é mentiroso.
Eu tô aqui, meu caro, para procurar justiça, para provar a minha inocência, mas estou muito mais preocupado com o que está acontecendo com o povo brasileiro. Porque eu posso brigar, mas o povo nem sempre pode.
Mas eu curto a solidão tentando aprender e mentalizar minha espiritualidade. Tentar gostar mais do ser humano. Ficar um pouco mais humano. Acho que vou sair daqui melhor do que entrei, com menos raiva das pessoas. Vou sair um cidadão bom daqui. E motivado para brigar. Estou doido para fazer uma caravana.”
Sobre a Vigília Lula Livre, na porta do prédio da Polícia Federal, onde está preso.
Quando tem atividade, que eles colocam um carro de som um pouquinho melhor, eu escuto o discurso das 9h às 21h. Eu sinceramente não sei como um dia eu vou poder agradecer essa gente.
Tem gente que está aqui exatamente desde o dia que eu cheguei. Vai para a casa, lava a roupa e volta. Então eu serei eternamente grato. Não sei se isso já aconteceu alguma vez na história com alguém, mas eu não sei o que fazer para agradecer.
Já disse para todos que certamente a polícia tem as suas regras, o meu pessoal tem as suas regras, mas quando eu sair daqui quero sair a pé e ir lá no meio deles. A primeira cachaça eu quero tomar com eles. E brindar.”’