Como era de se esperar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder das intenções de votos nas eleições de outubro, deitou e rolou na entrevista na TV Globo, diante dos jornalistas Willian Bonner e Renata Vasconcelos.
Por Simão Zygband, compartilhado de Construir Resistência
Lula é simplesmente único, um estadista brilhante que tirou de letra qualquer armadilha que por ventura pudessem armar contra ele. E nem que quisessem. Lula é extremamente preparado. Falou com imensa tranquilidade sobre todos os temas abordados. Explicou claramente como iria combater a corrupção, como a Lava Jato deu prejuízo gigantesco ao país ao invés de resgatar recursos desviados, como a delação premiada dos diretores da Petrobras permitiu que eles saíssem da prisão usufruindo de parte do dinheiro roubado.
Não houve tema em que Lula não tivesse se dado bem. Além da tradicional oratória, sempre muito afiada, que transformou um torneiro mecânico retirante da seca do Nordeste em presidente da República, o ex-presidente demonstrou um extremo preparo para o seu terceiro mandato: disse que foi exatamente no seu governo que se criou os mecanismos de combate à corrupção, que irá aprimorar ainda mais estes instrumentos, elogiou o seu candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin e até que o Movimento dos Sem Terra (MST) não é mais o agrupamento “radical” de 30 anos atrás, mas o maior produtor de arroz orgânico do país.
Lula se saiu ainda muito bem naquele tema recorrente das chamadas “ditaduras” latino-americanas como a Venezuela e Cuba. “Não devemos interferir na política interna deles”, argumentou.
O ex-presidente demonstrou muita vontade de retornar à presidência da Repúblicas. Mostrou-se extremamente preparado para o desafio. Disse sobre o seu adversário, o atual ocupante da cadeira presidencial, que ele não manda nada. “Ele não controla sequer o orçamento. Se algum governador precisa de recursos, liga diretamente para o Lira, o presidente do Congresso, e não para o Bolsonaro. Ele parece um bobo da corte”, ironiza.
Lula não deixou a menor dúvida de que deverá vencer as eleições de outubro e, se for no seu ritmo, e com o seu ânimo, ainda no primeiro turno.
Vamos todos lutar para reeleger Luiz Inácio Lula da Silva, a nossa esperança.
TRANSCRIÇÃO DA AULA DE LULA NO JN – SÍNTESE
Faltam 37 dias.
Durante 5 anos eu fui massacrado e estou tendo hoje a primeira oportunidade de falar disso ao vivo com o povo brasileiro. A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada. No meu governo criamos o portal da transparência e a lei anticorrupção.
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Eu poderia ter escolhido um promotor engavetador. Mas escolhi da lista tríplice. Poderia ter escolhido um delegado da polícia federal que eu pudesse controlar. Não fiz. Poderia ter feito decreto de 100 anos, que está na moda hoje.
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Eu não quero um procurador leal a mim. Ele tem que ser leal ao povo brasileiro.
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Existem três palavras mágicas para governar o país: previsibilidade, estabilidade e credibilidade. Previsibilidade é pra ninguém ser pego de surpresa. E nunca antes na história desse país tivemos uma chapa como Lula e @geraldoalckmin para garantir a credibilidade.
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Sábado eu encontrei a Dilma Rousseff no Anhangabaú e ela sabia que eu viria aqui no Jornal Nacional. Ela me disse: se perguntarem de mim, diga para me convidarem para um debate.
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Me juntei com o Geraldo Alckmin para dar uma demonstração para a sociedade brasileira que política não tem a ver com ódio.
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O Bolsonaro sequer cuida do orçamento do Brasil. Quem cuida é o Arthur Lira. Os ministros ligam para o Lira, não pra ele. Temos que acabar com essa história de semipresidencialismo no regime presidencial. O Bolsonaro parece um bobo da corte.
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Os governadores estão reféns das emendas secretas. Isso é um escárnio, não é democracia. E essas coisas vamos resolver conversando com os deputados. E a sociedade brasileira precisa aprender que o Congresso é resultado da sua consciência política no dia das eleições.
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Eu estou até com ciúmes do Geraldo Alckmin, ele foi aplaudido de pé esses dias em um congresso do PT. É uma pessoa que vai me ajudar, de confiança. A experiência dele como governador de São Paulo vai me ajudar a consertar o Brasil.
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Os empresários sérios que trabalham no agronegócio não querem desmatar. Mas existe um monte que quer. O atual presidente tinha um ministro do Meio Ambiente que dizia que era para passar a boiada.
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Para um democrata, a gente precisa respeitar a autodeterminação dos povos. É assim que eu quero para o Brasil e é assim que eu quero para os outros.
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Eu não gosto de usar a palavra governar, gosto de usar a palavra cuidar. Esse país é um do futuro que precisamos construir. Vamos voltar a investir na geração de empregos. Temos quase 70% de famílias endividadas, a maioria de mulheres. Vamos negociar essas dívidas.
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Nós precisamos que o povo brasileiro volte a viver com dignidade.