Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, para a o Bem Blogado
Não viveremos em céu de brigadeiro com a elite predadora, não nos iludamos. Mas que os seis primeiros meses de Lula 3 nos animam para a luta, isso é certo. Para a frente!
O principal mote de Lula na campanha presidencial de 2022 foi prometer três refeições diárias aos brasileiros. O então candidato, sem querer criar falsas expectativas, dizia que se sentiria feliz se conseguisse atingir a meta no final de seu mandato. E os seis meses iniciais de governo apontam que Lula vai poder cumprir as palavras de palanque.
Parece pouco? Se olharmos para as necessidades da população depois de 6 anos dos desastres Temer e Bolsonaro, um atestado de genocídio social, vergonhoso, sim. A destruição foi completa, em todas as áreas. Mas comer é prioridade em País em que a política econômica criminosa deixou o número espantosamente triste de 33 milhões de pessoas com fome.
O governo Lula, sob críticas hipócritas dos defensores do famigerado Teto de Gastos, já na transição queimou os cartuchos e o capital político para arrancar, mesmo a fórceps, folga mínima no Orçamento para assegurar a manutenção do Bolsa Família nos valores que eram até então provisórios, dinheiro para merenda escolar etc.
O que economistas porta-vozes do mercado e maioria da grande mídia chamou de “PEC da Gastança” foi, na verdade, acima de tudo a implementação de uma política de garantia de sobrevivência para miseráveis e pobres. Além, é claro, de cartão de apresentação de um governo comandado por quem nas gestões anteriores tirara o Brasil do Mapa da Fome.
Depois, a partir de janeiro, o ministro Fernando Haddad e equipe, com a natural liderança de Lula, conseguiu cumprir a promessa de apresentar um novo arcabouço fiscal em substituição do Teto de Gastos. Muitos duvidavam que o objetivo fosse atingido em pouco tempo, mas Haddad entregou. Não é perfeito, mas de longe melhor que o instrumento anterior e mesmo assim só passou na Câmara dominada pela direita após dura negociação.
Tem mais. A “bagunça venezuelana” vaticinada pelos ignorantes da extrema-direita viria em pouco tempo. Para desmoralizar a previsão catastrofista, a inflação cede bastante, o dólar cai etc.
Para calar de vez quem joga contra, agência internacional de respeito sobe a classificação brasileira de risco, reconhecendo o êxito das primeiras medidas do governo Lula. Convenhamos, para apenas seis meses de gestão, ainda mais para quem assumiu debaixo de ruínas, já se caminhou bastante. Nem as aves de mau agouro ousam mais falar na “venezuelização da Economia”. Falta muito ainda, mas os alicerces estão bem colocados.
Quem tem um mínimo de informação histórica não se surpreende com as boas notícias. Lula, nos mandatos anteriores, tem uma longa lista de feitos na Economia: nos livrou do FMI, deu ao Brasil uma formidável reserva de dólares, tirou-nos do Mapa da fome etc.
O homem não teve oportunidade de atingir a Universidade, mas de bobo não tem nada. Além da conexão com os anseios principalmente de quem é excluído, tem o bom senso como guia.
Lula não promete coisas impossíveis, entrega a mercadoria. As condições atuais, todas, são muito piores, o que torna a tarefa mais difícil naturalmente, mas é impressionante como o governo tem avançado mesmo assim.
Entre os obstáculos que enfrenta, Lula convive hoje com um Legislativo que consegue ser muito pior do que o da década inicial dos anos 2000.
A extrema-direita e direita reacionária avançaram muito no pleito legislativo de 2022. Sem contar também que a implementação de políticas públicas inerentes ao Executivo foram feridas quase de morte com o avanço larápio de parlamentares sobre verbas, que se iniciou com o bandido “Orçamento Secreto”.
Esse embate será importante para o sucesso maior ou menos do governo. Haverá o momento, e provavelmente não demorará muito, em que o campo progressista terá que retornar às ruas para pressionar deputados e senadores que se opõem às propostas do governo.
Foto: Ricardo Stuckert
