Acolhidos carinhosamente por uma multidão, o ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alkcmin participaram de ato público na cidade de Garanhuns (PE), cidade gêmea de Caetés, terra natal do petista, na tarde desta quarta-feira, ao lado de lideranças locais e nacionais da frente Vamos Juntos pelo Brasil. Em discurso emocionado, Lula convidou a população nordestina a fazer uma reflexão sobre que país quer construir para o futuro. E conclamou a população a fazer parte de um projeto de transformação nacional. “Esse país precisa de vocês”, disse Lula.
Compartilhado da Redação do PT
Foto: Ricardo Stuckert
“Todo ser humano, mulher ou homem, tem que ter uma causa”, discursou Lula. “Eu sou um sonhador. Quando eu ganhei a Presidência, eu queria provar que era possível tornar o nosso sonho realidade”, lembrou. “A primeira decisão foi não esquecer de que lado eu estava e quem eu representava quando cheguei à Presidência”.
“Eu pensei, o que eu quero para o Brasil?”, indagou. “Quero um país soberano, que tome conta das suas fronteiras terrestres, marítimas, da área espacial. Que cuide das suas riquezas minerais, as que estão no solo e subsolo, na água e no fundo, como o pré-sal, encontrado a quase 7 mil metros de profundidade”, explicou.
Lula, Alckmin, Danilo Cabral,, Luciana Santos, Tereza Leitão e Silvio Costa. Foto: Ricardo Stuckert
Cidadania e soberania
Lula contou que o seu plano envolvia o trabalho dos militares para cuidar dessas áreas. “Não um militar mentiroso como o Pazuello, mas de brasileiros nacionalistas que sabem que não há soberania se o povo não tiver emprego, comida, educação, cidadania”.
“É só isso. A gente quer trabalhar, ganhar um salário bom, ter uma casinha, casar e construir família, viver com o parceiro ou parceira que quiser, não ter vergonha de ser o que a gente é, ter um carrinho, um bom computador”, argumentou Lula. “Qual é o pecado que estou fazendo ao querer isso? Está na nossa Constituição”, observou.
“Como é que uma pessoa pode comer 10 pães por dia e a outra passa dez dias sem comer um pão?”, perguntou Lula. “Como é que em um país que é o maior produtor de proteína animal do mundo as pessoas vão ao açougue pegar osso, carcaça de frango, para comer?”
“Quero que vocês voltem para casa pensando que esse Brasil que querem para vocês e suas famílias é um Brasil que a gente pode construir, e nós já construímos”, anunciou o ex-presidente elencando as conquistas sociais de seus governos, como a geração de 22 milhões de empregos, o fim da miséria com a retirada de 36 milhões da extrema pobreza e a realização do sonho da casa própria para milhões de famílias com o Minha Casa, Minha Vida.
Preconceito contra o Nordeste
Lula afirmou que o preconceito da elite contra o Nordeste o motivou a olhar a para a região e citou o desenvolvimento de Pernambuco como um êxito do trabalho nas suas gestões.
“Voltaremos a fazer o Minha Casa, Minha Vida, mas cada um vai poder pintar da cor que quiser”, declarou em referência ao desmilinguido programa do desgoverno Bolsonaro. “Esse país não é de um cor só, é multicolorido”, festejou Lula.
“Esse país vai voltar a crescer, o BNDES vai voltar a financiar emprego e desenvolvimento, com o Banco do Brasil, a Caixa Econômica vai financiar habitação e saneamento básico, vamos recuperar o BNB (Banco do Nordeste) e o Base (Banco da Amzônia), a Petrobras terá preços abrasileirados”, assegurou.
Lula condena ataques à democracia
O líder condenou os mais recentes ataques golpistas de Bolsonaro à democracia, desferidos em um encontro com embaixadores nesta semana. “Ele quer criar caso, desconfiando da urna mas, no fundo, o que ele não quer é que o povo trabalhador desse país vote”, sentenciou Lula.
Lula chamou a atenção para o desespero de Bolsonaro, que resolveu aumentar benefícios sociais mas tudo com data para acabar, logo após as eleições. “Ele resolveu criar programa de três meses, até dezembro, resolver dar dinheiro para taxista, para motorista, aumentou para R$ 600 [o Auxílio Brasil]. Não fiquem se fazendo de bobo’’, aconselhou.
“Esse país vai ser construído a partir de vocês. Não pensem que o que vai garantir é discurso. Não. O que vai garantir é o que está na cabeça de vocês. Não aceitem fake news, não aceitem mentiras”, pediu Lula, enfatizando a rede bolsonarista que dissemina noticias falsas por aplicativos.
Antes do discurso de Lula, lideranças indígenas entregaram um documento com sugestões ao programa do movimento Juntos pelo Brasil para a área indígena.
Visita histórica
O pré-candidato a vice-presidente pelo movimento Juntos pelo Brasil Geraldo Alckmin classificou a visita de Lula a Garanhuns como histórica e emocionante. “Para voltar o emprego, Pernambuco crescia 7% ao ano, terra do desenvolvimento, volta Lula!”, bradou. Alckmin enumerou diversas conquistas de quando Lula foi presidente, como o aumento real do salário mínimo de 74%, os institutos federais de educação e universidades. “Hoje tem perda, inflação, fome. Contra tudo isso, volta Lula!”
Alckmin agradeceu a Garanhuns por ter dado ao Brasil um estadista, “que não é fruto nem da herança política, nem da fortuna pessoal, mas da luta do povo”. O pré-candidato afirmou que Lula conhece o sofrimento da população mais vulnerável e, por isso, fará um governo voltado para os interesses dos brasileiros.
Bolsonaro, vergonha internacional
O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), coordenador da campanha de Lula e líder da oposição comparou os tempos em que Lula foi presidente ao atual fiasco social, econômico e diplomático protagonizado por Bolsonaro.
“Eu sou de um tempo em que se ligava a televisão e o presidente do Brasil, que se chamava Luiz Inácio Lula da Silva, era reverenciado pelo presidente dos EUA”, lembrou. “Agora esse canalha, sem-vergonha, reúne embaixadores para fazer o Brasil passar vergonha internacionalmente”, atacou Randolfe.
“Ele fica falando de urna eletrônica, o medo dele é do povo brasileiro, reunido nas ruas”, apontou o senador. Daqui, Lula saiu para construir uma das histórias mais lindas desse país. A história que o filho de Garanhuns construiu mostra que o povo brasileiro pode e deve vencer”, ressaltou.
Simbolismo
Márcio Macedo, vice-presidente Nacional do PT, agradeceu, em nome do partido, o apoio e o carinho do povo pernambucano. “Hoje, essa visita a Caetés, a réplica da casa de dona Lindu e do presidente Lula, tem um simbolismo muito grande: é o maior líder popular desse país, presidente que olhou para todos os brasileiros, e revisita sua cidade, se encontra com suas origens, de onde ele nunca se apartou”, disse Macedo.
“Esse é o movimento da civilização contra a barbárie, da vida contra o sofrimento”, arrematou o petista.
Calor e emoção
O senador Humberto Costa (PT-PE) considerou que Pernambuco recebe Lula com calor e emoção. “Há algumas décadas o senhor saiu daqui, com sua mãe e irmãos, para escapar da tragédia da fome e da miséria. E construiu uma trajetória que o levou a ser presidente da República. Como presidente, 36 milhões de brasileiros, que padeciam, como a sua família padecia, pela pobreza, pela miséria, tiveram, pela primeira vez, a possibilidade de ter uma vida digna”, assinalou Costa.
Costa citou as conquistas de Garanhuns, como o Instituto Federal de Educação, mais de duas mil casas populares, Samu, Farmácia Popular, Brasil Sorridente e mais de 10 mil empregos com carteira assinada, entre outros projetos de infraestrutura. “O senhor mudou a realidade desse país”, destacou.
“Enquanto isso, esse monstro que governa o Brasil só trouxe desemprego, fome, miséria, carestia, desrespeito, como o que ele teve ao longo do enfrentamento à pandemia, em que estávamos lá, eu e Randolfe, denunciando os crimes cometidos por Bolsonaro”, elencou o senador. “Mas, presidente, Pernambuco acredita que vai avançar mais uma vez”, concluiu Costa.
Respeito mundial
Danilo Cabral, pré-candidato ao governo de Pernambuco (PSB) apontou que Lula hoje é o brasileiro mais respeitado no mundo. “Quando ele fala, é escutado”, atestou Cabral.
O pré-candidato afirmou que é hora de lutar pela democracia. “Não existe democracia quando a gente tem 40 milhões de pessoas que não sabem que horas vão comer, quando muitos mulheres são vítimas pela condição de serem mulheres, quando 20, 30 milhões de brasileiros não têm um emprego para sobreviver com dignidade, quando os povos indígenas não são respeitados”, observou. Precisamos restabelecer o Brasil aos brasileiros”, clamou Cabral.
“Eleição das nossas vidas”
A pré-candidata ao Senado pelo PT, Teresa Leitão enfatizou a importância da luta popular nas eleições desde ano, que ela a considera as mais importantes da história. “Esta é a eleição das nossas vidas, não podemos errar”, alertou Leitão. “É a eleição que vai virar a página do obscurantismo, da violência, da fome, da miséria. E que vai devolver o Brasil aos brasileiros e brasileiras”.
“É preciso ter lado, projeto, ideia”, defendeu a petista, reforçando a importância do movimento progressista em torno da pré-candidatura de Lula. “Só a sua liderança, capacidade de aglutinar, de juntar, será capaz de tirar Bolsonaro da cadeira sobre a qual ele nunca deveria ter sentado. É disso que se trata”.
Tempo da carestia
Afinada com Leitão, Luciana Santos, pré-candidata a vice-governadora, reiterou que o passa pelo seu pior momento histórico. “O tempo da carestia, da inflação, voltou o Brasil à vergonhosa situação do Mapa da Fome. Temos no poder um tirano, um homem que difunde o ódio, a intolerância, que quer tocar o terror nessas eleições”, atacou.
Santos reforçou que a resposta será dada com uma frente ampla, com o povo na ruas, pela paz. “Sabemos muito bem o lado bom desse país, da democracia, dos direitos do povo, do interesse nacional”.
Trajetória
O prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino, deu as boas-vindas a Lula e Alckmin e lembrou das origens humildes do ex-presidente, que saiu da Caetés para construir uma trajetória vitoriosa junto ao povo brasileiro. “Quem passou por essa vivência, sabe cuidar das pessoas”, elogiou Albino.
O prefeito destacou a importância do desenvolvimento a partir de parcerias entre governo, estado e municípios e que, com a eleição de Lula e união nacional, será possível levar progresso para a região.
Da Redação