Por Tereza Cruvinel, publicado em Brasil 247 –
Lula consolidou-se na dianteira e o golpismo recrudesceu. Está aí o roteiro para tirá-lo da disputa, depois de um julgamento acintosamente cronometrado com este objetivo.
Agora também é preciso mais que palavras de ordem mas Lula já fez a parte dele.
Se tivesse se omitido, se não estivesse percorrendo o país dizendo as verdades que pautarão a disputa, o TRF-4 estaria seguindo no passo lento de sempre.
A defesa da democracia agora é tarefa não apenas do PT mas de todo o campo democrático e progressista, de cada brasileiro inconformado com o esbulho da eleição livre, em que todos possam concorrer.
Não basta preparar um ato para Porto Alegre no dia 24 de janeiro, durante o julgamento.
A tal mobilização permanente aprovada pelo PT precisa se traduzir em atos diários até lá, em denúncias internacionais, na formação dos comitês de defesa da candidatura, em agitação e propaganda constantes contra o tapetão que vem sendo urdido pela coalizão entre Judiciário, mídia, mercado e partidos governistas.
As outras forças de esquerda – PDT, PC do B e PSOL – não podem se limitar à defesa do “direito” de Lula ser candidato.
Se não tiverem a grandeza da unidade nesta hora, serão todos esmagados pelo trator de esteira.
Não é fácil, os canais com a população estão bloqueados pelo monolitismo da mídia, a conjuntura e a crise são desmobilizantes, e ainda tem o climão do final de ano, e depois as férias, o verão…
Mas a hora é grave e o tempo urge.
Lula tem o apoio decidido de cerca de 35% do eleitorado e há uma boa fração de eleitores não direitistas, ou não anti-petistas, que admitem votar nele.
A estes últimos, principalmente, é preciso esclarecer que ele não será julgado por um tríplex que não possui mas porque, vitorioso, será o coveiro do programa golpista que vem comprometendo o futuro do país, revogará as políticas anti-povo e reverterá o entreguismo sintetizado na abdicação do pré-sal.
Lula será julgado pelo que já fez e pelo que está prometendo fazer:
um novo mandato mais ousado, com referendo revogatório das reformas de Temer, com uso parcial das reservas para retomar os investimentos públicos, incluir novamente os pobres na economia e propiciar a verdadeira retomada do crescimento e da prosperidade.
Vem desafiando os rugidos do mercado.
A coalizão golpista não tem sequer um candidato único e competitivo mas para impedir Lula irá mais longe, forçando, com a mão do Judiciário, uma exclusão que no futuro suscitará uma pergunta espantosa, como aquela que nos fazemos ainda hoje diante do julgamento de Sócrates e de outros que foram condenados não pelo que realmente fizeram, mas porque precisavam ser eliminados com uma aparência de legalidade: “como foi possível?”.
Para que não seja possível, não bastam palavras de ordem.”
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