Nas manifestações do último domingo, 16 de agosto, menos dos mesmos foram às ruas. Gente de classe média alta, dita escolarizada, mas sem nenhuma educação e sem nenhuma sensibilidade em relação à luta contra a desigualdade. São todos partidários do lema “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Lema nordestino, terra da seca para os pobres e fartura para os ricos. Mas terra que foi resgatada nos últimos 13 anos. Terra em que os pobres começaram a ser considerados seres humanos merecedores de oportunidades, recebendo um pouco do muito crédito que o Brasil lhe deve. Sim, o Brasil que usa camisa verde e amarela da corrupta CBF e que quer manter o povo pobre na escravidão. Foi no Nordeste, mais especificamente em Garanhuns, Pernambuco, que a grande mídia “descobriu” e fez questão de ressaltar uma faixa. Essa faixa trazia um pedido de desculpas pelo fato de Lula ter nascido naquela cidade. Certamente, ela não foi de autoria de nenhuma das pessoas que ascenderam socialmente nos últimos 13 anos na região. Também não deve ter sido nenhuma delas que ostentou a infame peça nas ruas. Certamente, era um daqueles que, mesmo em Garanhuns, têm o mesmo ranço racista de grande parte dos foram à Avenida Paulista.
A faixa nada tem de criativa, pois nas redes sociais já colocaram placa de estrada onde o povo de Pindamonhangaba pede desculpas pelo fato de Geraldo Alckmin ter nascido naquela bela cidade do Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo. A placa pode ser injusta pelo que o atual governador deve ter feito pela cidade, principalmente pela classe média alta e pela classe alta da região.
Ao contrário de Lula, Alckmin jamais será enaltecido por ter feito algo pelo povo pobre de São Paulo. Como exemplo gritante, a seca que assola São Paulo tem muito a ver com o descaso do governador, que prioriza o enriquecimento rentista da Sabesp a investir em reservatórios para que o povo não passe por racionamentos. Sim, porque é o pobre das periferias que sofre com a falta de água.
Jamais o povo pobre do Nordeste pedirá desculpas pelo fato de Lula ter nascido lá. Quem pode se sentir agredido com as ações de Lula no combate à pobreza é a elite, que não quer ver ninguém ascender socialmente.
A ausência das pessoas da periferia nesses eventos contra Lula e Dilma já é uma homenagem ao que tem sido feito para elas. A presença destes que se acham elite, misturando-se aos que realmente são, em nada mais se configura do que na demonstração do racismo e do preconceito. Nada tem a ver com corrupção, que é praticada principalmente por eles próprios na sonegação de impostos, no pagamento de propinas para que o filho seja aprovado no exame de habilitação, na circulação pelos acostamentos, no silêncio cúmplice às falcatruas de Aécio Neves, Eduardo Cunha e companhia nada bela.
Lula, sei que você não está preocupado com as faixas exibidas por essas pessoas, mas você merece, na verdade, uma grande faixa com o nosso pedido de desculpas pela estupidez e pelo egoísmo de pessoas que, embora se vistam de verde e amarelo, batam panela e se digam parte da multidão, querem mesmo é que o Brasil seja, para sempre, mais de uns do que outros.