A articulação para liquidar a fatura no primeiro turno existe, sim, e é fundamental, mas tem que ser na hora certa, escreve Helena Chagas
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Mantidos os números registrados nas últimas rodadas de pesquisa – o que pode ou não acontecer -, há uma possibilidade real de vitória do ex-presidente Lula em primeiro turno nas eleições de outubro. Basta um empurrãozinho. Já se deflagra, entre apoiadores, uma campanha pelo voto útil, tendo como foco sobretudo os eleitores de Ciro Gomes, a fim de se evitar mais um mês de uma campanha que promete muito desgaste e baixaria.
Tudo muito bem, tudo muito bom. Quem não quer vencer no primeiro turno? Mas Lula e seus articuladores mais próximos não falam e nem devem falar do assunto, deixando esse discurso para setores da sociedade e aliados políticos. Sabe que campanha pelo voto útil a mais de quatro meses da eleição é lote na lua, e se não for bem feita pode ter até efeito negativo.
Antes de tudo, o PT corre o risco de ser acusado de subir no salto alto se começar a trabalhar publicamente com a hipótese nesse momento. Pior ainda, se criar essa expectativa entre os eleitores e, na hora do voto, morrer na praia. O segundo turno – normal na grande maioria das eleições brasileiras, inclusive do próprio Lula – acabaria tendo um significado de derrota, o que seria péssimo na disputa com Jair Bolsonaro ou qualquer outro.