Lula, radical pero no mucho

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado

Lula já deu a deixa no discurso do ato em que se comemorou a restituição de seus direitos políticos, vai conversar com todas as forças que querem devolver a civilidade a um governo.




Caso confirme sua disposição de se candidatar novamente à Presidência da República, ninguém do mundo político duvida que Luiz Inácio Lula da Silva está com vaga garantida no segundo turno.

E, no cenário de hoje, seu adversário será o genocida, apesar da tentativa desesperada da mídia hegemônica de criar uma “terceira via” que represente a chamada direita civilizada na disputa do próximo ano.

É plausível desde já a aposta no confronto do líder petista com o genocida fascista. Os números embasam o prognóstico. Lula liderava com folga, mesmo na cadeia injusta, todas as pesquisas em 2018. Em apenas

um mês de campanha, seu candidato, Fernando Haddad, chegou aos 29% que garantiram um lugar no segundo turno ao PT. E ninguém são pode achar que Haddad tem mais apelo eleitoral do que o ex-presidente.

Assim, numa estimativa pessimista, Lula dificilmente teria menos do que os cerca de 35% suficientes para ir ao confronto final. O mesmo raciocínio estatístico indica que o genocida mantém firme e forte, infelizmente, o apoio de um terço dos brasileiros, por mais que não entendamos que um percentual tão alto de brasileiros compactue com tantas atrocidades da nefasta figura.

A margem de manobra da direita convencional ficou reduzidíssima com a força do genocida. Inclusive hoje já é possível argumentar com cada vez mais certeza que o eleitorado de extrema-direita se hospedou temporariamente no PSDB só enquanto seu antipetismo não encontrava sua própria cara de extremismo de direita, enfim personificado por meio de  Bolsonaro.

Não sobrou nada ali, como o desastre de Alckmin em 2018 já provou. Resta o chamado centro e os gatos pingados da direita sem voto. É aí que Ciro Gomes vai tentar se encorpar, com chances pequenas de sucesso.

Derrotar o genocida não será, no entanto, uma tarefa fácil. Sabemos que o ódio do antipetismo, alimentado pela aliança entre o sistema de Justiça reacionário e os interesses econômicos da elite brasileira atrasada, será realimentado até a eleição. Eles não contavam com a volta de Lula. Estão agora desnorteados, mas não ficarão quietos.

As Organizações Globo, principalmente, não brincam em serviço e não toleram a ideia de Lula voltar ao Poder. Para combater esse jogo desigual, Lula sabe que não pode contar apenas com o aval do setor popular, que estará quase em peso com ele.

A ressalva aplica-se aí ao PSOL. Não há certeza de que o partido marchará com o ex-presidente. Uma ala daquela legenda vive basicamente do antipetismo vestido de esquerda e as opções de aliança de Lula poderão empurrar o PSOL para o gueto de uma candidatura própria, com resultado eleitoral insignificante.

E quais as alianças que Lula poderá fazer e que provavelmente não serão aceitas pela esquerda mais radical? Lula já deu a deixa no discurso do ato em que se comemorou a restituição de seus direitos políticos.

Lula vai conversar com todas as forças que querem devolver a civilidade a um governo.

Aliás, nenhuma novidade aí. Lula sempre foi um negociador, tanto que muita gente de boa fé credita ao tom conciliatório até em demasia a sanha com que seus inimigos avançaram contra a Democracia.

Lula é um animal político e sabe que na Política, e principalmente no Brasil, a conversa não deve ser reservada só a seus iguais. O ponto de

mestre é que esse diálogo nunca foi, é ou será sinônimo de capitulação.

Não se espere um Lula, em campanha ou no governo, “revolucionário” no sentido mais primário da palavra. O  ex-presidente da República sabe que a Revolução Socialista não está na pauta próxima. Aliás, ela não se avizinha em nenhum país do mundo.

Ser revolucionário no Brasil destroçado pelo fascismo e uma política

econômica criminosamente neoliberal é resgatar milhões de famílias da miséria, dar comida digna e emprego para desempregados, além de políticas de inclusão que marcaram as gestões anteriores de Lula.

É preciso voltar ao tempo recente em que filho de pobre começou a frequentar universidade, em que programas como o “Mais Médicos” atenderam aos excluídos.

Só Lula pode conduzir essa tarefa grandiosa. Sair do caos fascista é fazer a revolução indispensável para o momento brasileiro.

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