O programa que compra alimentos da agricultura familiar e os faz chegar aos mais pobres volta reformulado. “Já fizemos uma vez, e agora vamos fazer com muito mais competência”, disse Lula
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Lula com alimentos produzidos pela agricultura familiar em Pernambuco (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Em mais uma medida de reconstrução do Brasil, Lula assinou, nesta quarta-feira (22), no Recife, a medida provisória que recria o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que passou os últimos anos sendo desmontado por Jair Bolsonaro, com perdas cada vez maiores de recursos.
Nessa nova fase, o governo federal vai investir R$ 500 milhões para comprar alimentos produzidos por agricultores familiares de todo o Brasil. Os produtos são distribuídos gratuitamente para famílias carentes, por meio de uma rede de assistência social, e são utilizados também em restaurantes comunitários e outros locais que atendem a população mais pobre.
“Nós voltamos a governar este país para mudar a história deste país”, discursou Lula. “Quem nunca passou fome não sabe quanta falta faz comer. Se Deus me fez chegar até aqui, não vou desistir antes de cumprir a profecia de que esse povo tem que comer três vezes por dia”, completou.
Ao adquirir alimentos dos pequenos produtores e garantir sua distribuição, o PAA consegue, ao mesmo tempo: melhorar a vida dos agricultores, combater a fome com alimentos saudáveis e fortalecer a economia dos pequenos municípios.
Nessa nova fase, o programa vai dar especial atenção a mulheres, indígenas e quilombolas que tiram seu sustento do campo (leia mais aqui sobre as novidades do PAA).
“O que anunciamos hoje é um passo muito importante para a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro e na vida do povo que trabalha na agricultura. Já fizemos isso uma vez, e agora vamos fazer com muito mais competência, disposição e rapidez”, disse Lula.
Agricultores comemoram
O início do novo PAA foi simbolizado com a entrega do cartão de pagamento do programa ao produtor Daniel Silva, membro da Rede Produtiva de Avicultores de Caruaru.
Ele recebeu o dispositivo pelo qual poderá gerenciar os recursos pagos a ele das mãos do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e da presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros.
“A palavra de ordem é esperança, porque esse dia chegou e nós temos que agradecer a Deus por Lula estar aqui hoje. Não é só o agricultor que ganha com o PAA. A gente também leva alimentação para quem mais precisa. Precisamos tirar o Brasil mais uma vez do Mapa da Fome”, lembrou Silva.
A agricultora Maria José da Silva, do município de Ribeirão, contou que participa da Associação de Moradores e Agricultores do Engenho Progresso, formado quase totalmente por mulheres que, hoje, produzem alimentos que chegam por meio da Conab-PE a mais de 3 mil famílias da região.
“Quem tem fome tem pressa. No dia da entrega de alimentos nos bairros, vemos a alegria estampada nos rostos. Já vi pessoas chorando porque em casa não tinham o que comer. São pessoas que hoje contam os dias para receber os produtos. Estamos alimentando quem precisa”, disse.
Medidas pela agricultura familiar
O ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, lembrou que, além dos R$ 500 milhões investidos no PAA, a agricultura familiar está sendo beneficiada com outras iniciativas.
Uma delas é o reajuste do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que destinará pelo menos 30% dos recursos à compra de produtos locais para compor a merenda escolar.
Além disso, todos os órgãos públicos federais, na hora de comprar alimentos, também devem adquirir o mesmo percentual, no mínimo, da agricultura familiar.
“Foram seis anos de destruição, mas o dia chegou. Vai voltar o Programa de Aquisição de Alimentos. É alimento fresco na mesa do povo”, resumiu Teixeira.
Falando antes de Lula, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), disse que programas como o PAA são fundamentais no combate à desigualdade. “Cada política pública lançada pelo senhor aqui, será nossa política pública também, para chegar à vida da população”, garantiu.
Anúncios de ministros
Falaram ainda o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Jaime Amorim; a coordenadora estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto em Pernambuco, Elisângela Silva; e a presidenta da Federação dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco, Cícera Nunes.
Também fizeram uso da palavra o ministro da Pesca, André de Paula; a diretora sócio-ambiental do BNDES, Tereza Campello, que anunciou o projeto Semeando Resiliência, que vai socorrer comunidades rurais do semiárido nordestino; a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; o ministro das Cidades, Jáder Filho, cuja pasta destinou R$ 8 milhões para obras de reforço de encostas no Recife; a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que anunciou a criação da Estratégia Nacional de Eliminação do Câncer de Colo de Útero; o prefeito do Recife, João Campos; e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo.