Lula toma decisão sobre atos golpistas que será uma das primeiras medidas no governo

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Primeira ordem de Lula após a posse já está definida, e será uma reposta às ações contra a democracia

Por Luana Bonone, compartilhado de Revista Fórum




Créditos: Ricardo Stuckert

O Presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas do país. Consciente de seu papel, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já definiu qual será sua primeira ordem aos comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica após tomar posse. O novo presidente quer por fim aos acampamentos e atos nas portas de quartéis espalhados pelo país.

Considerados atos antidemocráticos pela maior parte da  imprensa, por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes e por diversas autoridades, atos como o bloqueio de rodovias e acampamentos instalados em área militar que contestam o resultado das eleições presidenciais continuam ocorrendo pelo país. Isso ocorre porque as Forças Armadas estão sob o comando do ainda presidente Jair Bolsonaro (PL), beneficiado e estimulador do golpismo. Também há conivência de setores das forças de segurança pública, não à tôa o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, tornou-se réu por fazer uso indevido do cargo durante as eleições.

Comandantes

Mas se depender de Lula – e a partir de 1º de janeiro, dependerá – , a remoção de golpistas dos acampamentos e atos em área militar será um dos primeiros atos do novo governo. Ao menos é isso que o presidente eleito pretende pautar na conversa com os próximos comandantes-gerais das Forças Armadas. Os nomes ainda não foram anunciados.

Apesar de Lula não ter anunciado oficialmente os nomes, o futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, confirmou que eles já foram definidos, seguindo o critério de antiguidade. Na aeronáutica, assumirá o comando o brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno. Para o comando do Exército, o general Júlio César de Arruda, atual chefe do Departamento de Engenharia e Construção. Na Marinha, deve ser nomeado o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, que, atualmente, ocupa o cargo de comandante de Operações Navais da Marinha. 

Pauta prioritária

A convicção a respeito da urgência da medida já existia havia sido compartilhada com parlamentares da base aliada antes mesmo dos atos de terrorismo praticados na noite desta segunda (12) em Brasília (DF), data da diplomação do presidente eleito. As ações violentas ocorreram após a prisão de José Acácio Serere, pastor indígena bolsonarista que convocou manifestantes armados para impedir a diplomação de Lula e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB). 

Uma das ocasiões em que o novo presidente manifestou sua decisão foi em conversa com dirigentes do Avante ocorrida no último dia 8, em que participaram os deputados federais André Janones e Luís Tibé, entre outros. Na reunião, o nome de José Múcio Monteiro foi confirmado para assumir a Defesa e Lula declarou que conversaria com os futuros comandantes pautando que uma de suas prioridades seria a desmobilização dos atos nos quartéis, os quais ele considera um “desrespeito” às próprias Forças Armadas.

Urgência

A intenção de Lula é realizar esta conversa nos próximos dias. De acordo com reportagem do Estadão, o encontro estaria planejado para a última sexta (9), mas teria sido adiado a pedido de José Múcio, para que ele pudesse fazer uma reunião prévia com o atual ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

A presença do acampamento bolsonarista em Brasília durante a cerimônia de posse é uma preocupação, especialmente após os atos terroristas vivenciados nesta segunda. Em entrevista coletiva concedida durante a madrugada desta terça (13), o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, garantiu que há esforços conjuntos da segurança do presidente Lula com a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, comandada por Julio Danilo, também presente na ocasião.

Perguntado se o acampamento seria um risco à segurança pública, Danilo titubeou. Disse que a manutenção ou não da aglomeração no Quartel-General em Brasília será “reavaliada” após os atos terroristas, mas reforçou que se trata de área militar, que não é controlada pelo governo do Distrito federal (GDF), mas sim pelo Exército. 

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