“Lula Triplex” no Google 396 mil. Só duas na PF

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Por Armando Rodrigues Coelho Neto, Jornal GGN – 

Li, ontem, o relatório da PF sobre o tríplex do Guarujá, que vazou atrasado. Quem ousaria dizer não estarmos diante de uma peça bem feita? Índice, citações, transcrições, aranhas, documentos, gráficos, etc, tudo como manda o figurino. Está, tecnicamente, como deve ser um bom trabalho. Mas, ainda é cedo para proclamar a inocência de Lula e ou Marisa, pelo simples fato de não estarem indiciados.




A PF prova que o tríplex 163-B (Guarujá/SP) está registrado em nome da offshore MURRAY HOLDINGS LLC (NEVADA/EUA), representada no Brasil por Eliana Pinheiro de Freitas, pessoa simples, cujo padrão de vida destoa do alto padrão do apartamento. A verdadeira proprietária seria Nelci Warken, procuradora de outras offshores. Para o leigo, “offshore ” é uma entidade situada no exterior, sujeita a um regime legal diferente do pais onde vive um “associado”.

A PF solicita o envio de peças para aqui, para acolá, para um monte de siglas que não cito para confundir o leigo. Afinal, já o diz a perspicaz observadora Marilena Chauí: no Brasil, “sigla só serve pra esconder a finalidade das coisas”. A PF também diz que não faz isso ou aquilo “para não perder o foco”. Que foco?!! Posso presumir do baixo ou do alto de meus mais de 30 anos de casa, mas não arrisco dizer.

Como tudo na Farsa Jato é calculado, chama a atenção o atraso no vazamento do relatório. É um relatório bem feito. Tão bem feito quanto os bolinhos envenenados que Joana queria mandar pro Jasão, na peça Gota D’Agua (Chico Buarque). Tão bem feito quanto uma estátua de Hitler esculpida pelo mais radical e talentoso escultor antinazista. Tão bem feito quanto os argumentos de um pastor para roubar um fiel. Mas, esconde maldades, não do meu colega.

É um relatório a altura de um Poder Judiciário com partido. Contém um rol de verdades, que é a melhor forma de mentir. Como o documento é longo, joguei de cara um “Control F” para localizar rapidamente o nome do ex-presidente Lula. Seu nome aparece duas vezes de forma quase aleatória. A pretensa proprietária (Nelci Warken ) diz que havia um boato entre condôminos de que Lula seria dono de um tríplex (Guarujá/SP). Na outra, a testemunha diz que Lula “tem”, mas não informa prova nem referências de pesquisas para comprovação.

A testemunha diz que pra fugir da fúria fiscal do ex-prefeito Kassab, passou a blindar bens. Assim, criou uma dívida fantasma com uma empresa fantasma dela mesma e firma essa tomou seus bens para pagar a dívida. Mas, sobre Lula/Marisa só boatos e inconsistências. Boatos que alimentaram o ódio útil ao golpe. A grande imprensa, que o GGN por uma questão de princípios não quer que eu trate por “latrina”, não passa disso mesmo: latrina criminosa.

Além do atraso no vazamento, da falta de provas (até agora) contra Lula/Marisa, do explícito uso da Farsa Jato para o golpe, o que se extrai de real no relatório é o mecanismo de ocultação de capitais. O relatório mostra um sofisticado esquema de lesa-Pátria – que não foi criado, inventado, nem concebido no governo petista. Sérgio Moro sabe disso, pois autuou em caso semelhante com o mesmo esquema, o mesmo doleiro, ainda quando as técnicas eram mais artesanais e, portanto, mais fáceis de serem apuradas.

O esquema não tão novo mostrado pela Farsa Jato serve pra roubar mesmo, razão pela qual precisa ser investigado, combatido e não usá-lo contra o Lula, Marisa, o PT, nem para destruir o patrimônio nacional. Afinal, a Farsa Jato tem a obrigação de saber que a diferença entre o antídoto e o veneno está na dose. A dose está destruindo o patrimônio nacional, matando empregos, a democracia, matando o Brasil.

Mas, o que me chamou mais atenção está fora do relatório. Quem pesquisa “Lula Triplex” no Google encontra 396 mil citações! Já no relatório da PF, apenas duas vezes! Leia-se, um destroçamento moral patrocinado por um “juiz de primeira instância”, em conluio com a mídia, sem precedentes numa verdadeira democracia. Não sei que nome a dita Suprema Corte do Brasil dá pra isso, nem o Tribunal Penal Internacional, menos ainda a ONU – que ainda se dá ao trabalho de responder minhas mensagens.

Só falta o pedalinho. Pode prender o Lula. Eu vou lá, levar rapadura, tapioca e pinga pra ele. Se o Judiciário têm bandidos de estimação, já escolhi o meu!

Armando Rodrigues Coelho Neto é advogado e jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

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