Por Luiz Augusto, professor
No final da sexta feira, me dei conta de que Luís Inácio Lula da Silva é um homem profundamente sábio.
Sua leitura da realidade não é apenas marcadamente instintiva, mas é fruto, sim, de sua experiência, de toda a sua bagagem intelectual, de sua esperteza e sagacidade. Tudo isso junto, constrói sua sabedoria.
Este processo não pode ser desprezado, pois é ele que qualifica Lula como um intelectual orgânico da classe.
Neste ponto coloco um parênteses, para lembrar a mesma pergunta que Marisa Monte faz, quando canta a letra da música, em homenagem ao Profeta Gentileza “… Por isso eu pergunto a você, no mundo o que é mais inteligente o livro ou a sabedoria ….”.
Então, retomado nossa reflexão, sua estratégia está harmonizada perfeitamente com sua tática adotada até o momento. Vejamos: ele está focado em seus algozes, os provoca com sua resistência pacífica e ativa, que o torna protagonista na história de sua arbitrária prisão.
Constrói um simbolismo ímpar. Espera na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, berço político e histórico dele, uma ação repressiva, contundente por parte das forças repressivas a mando dos predestinados inquisidores curitibanos. E manda um claro recado de que não será Curitiba o locus do esperado flagrante fotográfico, que encerraria este malfadado processo do qual ele foi julgado e condenado em duas instâncias sem a menor prova e, sim, por meras ilações e muita convicção.
Sendo o objetivo de seus algozes, o de humilhar e espezinhar, percebo a profundidade e a densidade do gesto de desobediência civil, da recusa em se entregar a seus detratores. Isto provocou um impasse, na ação de seus carniceiros, que não passam de farsantes e desejam executar a farsa de sua ordem de prisão da mesma forma que a SS cumpria as ordens nos campos de extermínio da Alemanha nazista.
Assim, Lula entrará para a história, não como vítima, mas como um cidadão protagonista de sua própria história. Uma história de luta pela democracia, pelo Estado de Direito, pelos direitos da cidadania brasileira, opondo-se ao arbítrio, ao estado de exceção em que vivemos, desde o Golpe.
Golpe que retirou uma presidenta legitimamente eleita do cargo, sem a menor prova, colocando no poder uma quadrilha de contumazes corruptos. Já seus algozes curitibanos entrarão para o lixo da história, pois o tempo que é o senhor da razão e revelará o papel de cada um dos carrascos de Lula.
Luís Augusto sindicalista, militante dos sindicatos Sinpro Rio e Sepe, professor da rede pública estadual e municipal do Rio de Janeiro