Lula, uma fortaleza, por Fernando Castilho

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Os médicos, porém, atestam que, apesar da gravidade, o presidente está bem. As próximas semanas dirão se o acidente deixou sequelas.

Por Fernando Castilho, compartilhado de GGN




Foto: Ricardo Stuckert/PR

Na noite do último sábado (19) o presidente Lula escorregou e caiu no banheiro do Palácio da Alvorada, o que lhe causou um corte na nuca e um pequeno sangramento no cérebro.

Quando se fala em sangramento no cérebro, uma luz amarela acende, ainda mais se tratando de uma pessoa com 78 anos. Os médicos, porém, atestam que, apesar da gravidade, o presidente está bem. As próximas semanas dirão se o acidente deixou sequelas.

Os bolsonaristas logo se assanharam e ensaiaram insinuações de que Lula estaria bêbado ou, no mínimo, senil. Mas alguém os lembrou de que Bolsonaro, em 2019, também caiu no mesmo banheiro. Melhor ficarem quietos, então.

É incrível como com esse histórico de banheiro assassino, ninguém, nem mesmo Janja, percebeu o risco que corre um homem de 78 anos. Como o Alvorada é tombado, não há como falar em troca do piso, mas é certo que em Brasília é fácil encontrar aqueles tapetinhos de plástico com ventosas para boxes de banheiros. Eu mesmo tenho um.

Felizmente Lula descansou no domingo e já na segunda-feira posou para fotos trabalhando normalmente. Admitiu que o acidente teve lá sua gravidade, o que o fez cancelar a viagem para Moscou, porém, mantém o otimismo, uma de suas marcas registradas.

Neste ponto surge a inevitável comparação entre Lula e Bolsonaro quando se trata da reação a ferimentos e cirurgias.

Todos lembramos das inúmeras imagens do capitão quando se internou por vezes para tratar das decorrências de sua facada. Sempre muito debilitado, dava a impressão de que estava nas últimas. É fato que cada um reage à sua própria maneira em ocasiões como essa, mas também é claro que Bolsonaro nunca encarou essas situações como um chefe de nação com grande responsabilidade pela frente, parecendo mais uma pessoa extremamente frágil do que um verdadeiro líder.

Já Lula, ao demonstrar que está firme para trabalhar, passa a imagem de alguém que coloca a missão de governar acima de suas próprias dores.

Essa é apenas uma das diferenças entre quem é verdadeiramente forte e quem, sendo muito fraco, precisa simular ser uma fortaleza para ser chamado de mito.

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

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