Com as perspectivas inflacionárias de curto, médio e longo prazos em queda, a valorização crescente do real frente ao dólar, a contagem regressiva para a aprovação também pelo Senado do marco fiscal, dentre outros fundamentos positivos da economia em apenas seis meses de governo Lula, o Banco Central está acuado.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Embora sua posição seja insustentável, não tenhamos ilusões: como cidadela do neoliberalismo bolsonarista e correia de transmissão dos interesses do ecossistema rentista (bancos, corretoras, fundos de investimento, etc), o BC venderá caro a derrota.
Na prática, isso significa não apenas protelar o começo da inevitável trajetória de queda nas taxas de juros, mas também imprimir um ritmo de cágado ao processo de redução dos 13,75%, em uma toada inversamente proporcional às necessidades e aos anseios da sociedade brasileira.
Escrevo na manhã de 20 de junho, data do início da reunião do Copom. Segundo a imprensa, citando fontes do mercado, a tendência é que o Copom contrarie mais uma vez o senso comum e mantenha os 13,75%, sinalizando através de sua ata o início da redução somente a partir da reunião seguinte, marcada para agosto.
A pergunta, então, que se coloca é a seguinte: quantos investimentos, postos de trabalho e possibilidades de geração de renda para o povo serão perdidos só com essa insistência do BC de não se render a todas as evidências racionais?
O desempenho da economia do país sob Lula, mesmo com esses juros escorchantes, tem surpreendido a mídia comercial e a Faria Lima. Esbanjando cinismo, todavia, eles preferem creditar a melhora sensível no ambiente econômico à “sorte de Lula.”
Choro de perdedor à parte, imagina o efeito causado por uma queda consistente dos juros neste cenário já promissor?
Mas, para que entremos finalmente em um ciclo virtuoso de crescimento econômico sustentável, com a consequente melhoria das condições de vida dos brasileiros, a pressão e a mobilização da sociedade é essencial, porque, se depender do BC e da mídia, a redução de juros virá, mas a conta gotas, em um grau de intensidade incompatível com as demandas da nação.
Ou alguém duvida que Roberto Campos Neto pode estar planejando cortes ridículos de meio percentual a cada reunião do Copom? Não dá para aceitar. O Brasil tem pressa.
Hoje, em várias capitais, acontecem manifestações contra os juros altos convocadas pela CUT e demais centrais. Que se multipliquem e isolem de uma vez por todas os dois únicos segmentos que defendem os juros no patamar antipatriótico atual: o mercado financeiro e os grupos de mídia.