Maioria dos eleitores – 62% – vê presidente preocupado com a reeleição, e não com a vida das pessoas
Compartilhado de Redação RBA
São Paulo – A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (17) mostra que o Auxílio Brasil turbinado e a presença mais ostensiva na campanha de Michelle Bolsonaro não ampliaram o eleitorado feminino de Jair Bolsonaro. Essa era, e continua sendo, uma prioridade até agora frustrada de sua campanha. De acordo com a pesquisa, são 46% as mulheres que indicam o voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno, mesmo índice do estudo anterior, duas semanas atrás. O número das que apontam voto em Bolsonaro oscilou dois pontos para cima, de 28% para 30%.
O cenário, portanto, continua estável no segmento por gênero. E isso apesar de ter caído (de 48% para 43%) a avaliação negativa do governo Bolsonaro no público feminino, ao mesmo tempo que aumentou a avaliação positiva da gestão (de 24% para 27%), o que significa que no eleitorado feminino a melhora da avaliação do governo não está mudando os votos.
A campanha de Bolsonaro esperava ver refletido na pesquisa o esforço com Michelle Bolsonaro para atrair votos, assim como o Auxílio Brasil maior que começou a ser pago dia 9 de agosto. Isso porque as mulheres são um eleitorado mais sensível a mudanças positivas ou negativas no orçamento doméstico.
Auxílio Brasil e baixa renda
A questão econômica justifica a frustração bolsonarista com as eleitoras: não diminuiu a diferença entre Lula e Bolsonaro entre os pesquisados que recebem o Auxílio Brasil. Pelo contrário, a diferença aumentou consideravelmente, de 23 para 30 pontos nesse segmento. Mais do que isso, a diferença a favor de Lula se manteve estável na faixa dos que recebem até dois salários mínimos. O petista subiu de 52% a 55% e Bolsonaro também cresceu, de 25% a 27%. A diferença oscilou de 27 pontos para 28 em favor do petista.
Por outro lado, a campanha de Lula mantém o alerta. Isso porque, apesar de a economia continuar a ser o principal problema do país para 40%, está diminuindo a percepção de que ela piorou no último ano. “É o melhor resultado desde o começo da série histórica (52%), mesmo ainda sendo um percentual muito alto”, observa o diretor da Quaest, Felipe Nunes.
Apesar disso, a maioria dos entrevistados considera as recentes melhoras econômicas ações mais eleitoreiras do que para melhorar a vida das pessoas.
Evangélicos e mulheres
Outro fator decepcionante para o bolsonarismo é o fato de que, embora o presidente tenha aumentado a vantagem entre os evangélicos, isso também não se refletiu na melhora da intenção de voto feminino no candidato à reeleição.
As mulheres são a maioria do eleitorado no país. Dos 156.454.011 eleitores aptos a votar em 2022, 52,7% são do gênero feminino e 47,3% são homens. Por isso a obsessão por conquistar uma fatia maior desse público é grande na campanha de Bolsonaro.
Os jovens
Além das mulheres, outro segmento em que Lula mantém vantagem é o de jovens. A disposição do eleitorado de 16 a 18 anos, que pode votar mas não é obrigado, se mostrou grande em 2022. Ao encerrar o cadastro eleitoral para as eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou, entre janeiro e abril, 2.042.817 novos eleitores nessa faixa etária.
A pesquisa não avalia a intenção de voto no público jovem de 16 a 18 anos, mas apenas num espectro maior, de 16 a 24 anos. Nessa faixa, a vantagem de Lula é de 42% a 34%. Caiu portanto 5 pontos desde a pesquisa anterior (era de 44% a 31%).
Segundo turno
Se a pesquisa aponta para a possibilidade de Lula vencer no primeiro turno (leia mais aqui), num eventual segundo turno o petista mantém vantagem significativa. O candidato do PT seria eleito com 51% dos votos, contra 38% do atual presidente, 7% de brancos/nulos/não votam e 4% de indecisos. Em votos válidos, o ex-presidente venceria por 57,3% a 42,7%.
O levantamento ouviu 2.000 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do país entre os dias 11 e 14 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. A pesquisa foi registrada sob número BR-01167/22.