Maíra do MST é alvo de ataques da extrema direita após discursar sobre julgamento de Bolsonaro

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Intimidações sofridas pela vereadora podem ser classificadas como violência política de gênero

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na foto: Maíra do MST foi atacada por 3 parlamentares do PL, partido do ex-presidente Bolsonaro(Foto: Guilherme Nery/CMRJ)

Durante a sessão plenária desta quarta-feira (26) na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a vereadora Maíra do MST (PT) sofreu ataques verbais agressivos e machistas após discursar sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado por envolvimento nos atos golpistas de janeiro de 2023.

O pronunciamento da parlamentar, que abordou o caráter grave dos crimes atribuídos a Bolsonaro, foi seguido por manifestações ofensivas por parte dos vereadores aliados ao ex-presidente.

O vereador Rogério Amorim (PL) acusou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de terrorismo sem provas, mencionou o Partido dos Trabalhadores (PT) de forma ofensiva e negou o caráter golpista dos atos ocorridos em 8 de janeiro.

Já o vereador Rafael Satiê (PL), que participou virtualmente da sessão, fez declarações machistas e difamatórias contra a vereadora Maíra. Satiê acusou a parlamentar de “covardia”, menosprezou sua atuação legislativa e atacou diretamente sua condição de mulher.

“Todas às vezes que você pegar um batom e colocar na sua boca, lembre-se que tem uma mulher presa por conta do batom”, disse Satiê fazendo referência à mulher que pichou a estátua da Justiça no 8 de janeiro.

Poubel, também vereador pelo PL, seguiu a linha de ataques dos colegas de partido referindo-se aos integrantes do MST como “vagabundos”.

A parlamentar denunciou os ataques e afirmou que não recuará diante de ameaças e intimidações.

“Desestruturados com o resultado do julgamento tornando Bolsonaro réu, vereadores, homens do PL e de partidos aliados usaram a tribuna para tentar me atacar pessoalmente, desqualificar minha atuação parlamentar e a defesa intransigente da democracia e do governo Lula. Não aceitarei tentativa de rebaixamento de meu mandato já que estamos todos aqui eleitos pelo povo”, disse Maíra ao Brasil de Fato.

O episódio gerou repúdio imediato nas redes sociais e entre colegas parlamentares, sendo classificado como um exemplo de violência política de gênero e desrespeito às normas democráticas e parlamentares.

Brasil de Fato procurou os vereadores envolvidos no caso para um posicionamento.

Em nota, o vereador Rogerio Amorim comentou sobre a acusação de ter praticado violência política de gênero contra a vereadora Maíra do MST. “A prática no parlamento envolve críticas de lado a lado” e a “democracia é pluralidade de opiniões e no dia em que isso for ‘violência’ teremos uma ditadura. Como já ocorre na Venezuela”, sustentou.

Ele também disse que “o uso de vitimismo e de atribuir ‘violência’ a simples críticas e posicionamentos é uma forma de impor uma ideia e uma vontade única apenas da esquerda”.

O parlamentar também defendeu que “se há democracia de verdade, pode-se contestar posicionamentos livremente”. A nota prossegue tecendo críticas ao trabalho da imprensa. “O questionamento do Brasil de Fato é apenas uma forma da parlamentar criticada ganhar mais poder, com base em um jornalismo parcial e com viés ideológico claro”.

O espaço segue aberto para demais posicionamentos.

Edição: Jaqueline Deister

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